segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Natividade


ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.12.24


“As vitrines das lojas estão decoradas para a festa, com bolas douradas, pequenas árvores de Natal, lindos presentes. À noite, as ruas brilham com estrelas cadentes ou cometas. As árvores, nas calçadas, têm os ramos cobertos de luzinhas vermelhas, azuis ou brancas, criando nas ruas uma atmosfera mágica... Percebe-se a expectativa. Todos estão envolvidos...
Natal não é apenas uma recordação tradicional: o nascimento daquele menino há 200[6] anos... Natal é algo vivo! E não só nas igrejas, com os seus presépios, mas também entre as pessoas, devido ao clima de alegria, de amizade, de bondade que todo ano ele cria. Mesmo assim, ainda hoje, o mundo é assolado por enormes problemas: a pobreza e a fome, (...) dezenas de guerras, o terrorismo, o ódio entre etnias, mas também entre grupos e entre pessoas…
É necessário o Amor. É preciso que Jesus volte com potência. O Menino Jesus é sempre a imensa dádiva do Pai à humanidade, embora nem todos o reconheçam. Devemos oferecer também por eles o nosso agradecimento ao Pai. Temos que festejar o Natal e renovar a nossa fé no pequeno menino-Deus que veio para nos salvar, para criar uma nova família de irmãos unidos pelo amor; uma família que se estende sobre toda a Terra. Olhemos ao nosso redor...
Que este amor seja dirigido a todos, mas, de modo especial, a quem sofre, aos mais necessitados, aos que estão sós, aos que são excluídos, aos pequenos e aos doentes... Que a comunhão com eles, de afecto e de bens, faça resplandecer uma família de verdadeiros irmãos que festejam juntos o Natal e que vai mais além.
Quem poderá resistir à potência do amor? À luz do Natal, façamos alguma coisa, suscitemos acções concretas. Serão remédios para os males. Eles podem parecer pequenos, mas se forem utilizados em vasta escala, poderão ser uma luz e uma solução para os graves problemas do mundo.”
Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares

É Natal! Aleluia já nasceu o Prometido! Esta mensagem de Natal, de uma das personalidades mais carismáticas no seio dos movimentos da Igreja Católica e que tem envidado todos esforços pelo diálogo inter-religioso, Chiara Lubich, é bem clara no intento de se olhar o Natal com olhos menos pagãos e mais cristão.
É de assinalar que a indústria cinematográfica se tenha preocupado com questões religiosas, ligadas à figura de Jesus Cristo, como já havia acontecido com a película “Paixão de Cristo”, de Mel Gibson. Quando a moda é não se falar de Deus nas nossas sociedades e quando se defende a laicização dos Estados, o filme “O NASCIMENTO DE CRISTO”, de Catherine Hardwicke, vem enaltecer a figura de Cristo.
“O NASCIMENTO DE CRISTO” conta a extraordinária história de duas pessoas comuns, Maria e José, um amor profundo, uma milagrosa gravidez, uma árdua viagem e a revelação do nascimento de Jesus. O Rei Herodes reina com mão de ferro a cidade de Nazaré. É um tempo de luta e sofrimento; as taxas a pagar são elevadas, a pobreza predomina. Homens honrados são forçados a fazer coisas impensáveis para manter e assegurar a sobrevivência das suas famílias. Para assegurar a estabilidade da sua família, o pai de Maria, Joaquim decide casar a sua filha com um homem de honra com grandes qualidades, José. Honrando o seu pai, Maria aceita com agrado a sua decisão, sem saber que este destino a tornaria numa das mais importantes mulheres da história. A sua história é simples, mas representa o início da maior história alguma vez contada.
(Fonte: http://www.focolare.org/ , http://www.thenativitystory.com/ )
Concluindo: o Natal tem que ser mais vivido. Primeiro dentro de nós. E só depois para aqueles que mais necessitam. Um Santo Natal!

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Terra Santa: um território partilhável? (III)

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.12.17

Neste terceiro Domingo do advento, continuo a oferecer uma reflecção sobre a Paz. Há uma semana, tentei explicar porque falhou o Processo de Oslo, tentativa para restabelecer a Paz na Terra Santa. Hoje proponho caracterizar historicamente a Palestina e o Estado de Israel.
Não se pode contradizer quem afirma que neste território, e em particular na cidade de Jerusalém, concentram-se todas (ou quase todas) as divergências da humanidade. Uma análise cronológica dos acontecimentos é suficiente para testemunhar as lutas e o sofrimento daqueles povos.
Durante os reinados de David e de Salomão, a cidade de Jerusalém tornou-se o centro da vida do povo hebreu com a construção do grande Templo; no ano 70 d.C. as tropas do futuro imperador romano, Tito, provocaram a sua destruição, deixando em ruínas a chamada "Esplanada do Templo", sob a qual se encontra o "Muro das Lamentações", um dos lugares mais sagrados para a religião hebraica e, ainda hoje, alvo de orações e peregrinações, que cerca a parte ocidental da cidade. No ano 636, ocorreu a ocupação muçulmana e, em 691 foi construída, sobre a Esplanada, onde se acredita que Maomé tenha iniciado a sua viagem ao Céu, a Mesquita "da Rocha", que também é um lugar santo para os muçulmanos.
No ano de 1099, as forças cristãs, ligadas às Cruzadas, conquistam a cidade que se torna capital do Reino Cristão de Jerusalém, todavia este breve período termina em 1187 com a reconquista dos árabes. Também, os cristãos têm um lugar santo na cidade, a Basílica do Santo Sepulcro. Em 1517, a Palestina é submetida à dominação turca, assim permanecendo até que esta foi dissolvida, no final da I Guerra Mundial. Em 1922, torna-se um Protectorado da Sociedade das Nações, sob responsabilidade do Reino Unido, ansioso para substituir os turcos numa área já reconhecida como estratégica e necessária aos interesses colonialistas britânicos, para coligar as possessões egípcias (e em particular o Canal de Suez) com as possessões e explorações petrolíferas na antiga Mesopotâmia.
O nascimento, durante o século XIX, do "Irredentismo" de muitos povos e nacionalidades europeias, submetidos aos grandes impérios, leva também o povo hebreu a cultivar o sonho de possuir um Estado e um país próprios, fenómeno conhecido por "Sionismo". A dramática perseguição sofrida pelos hebreus por parte do Regime Nacional-Socialista alemão parece pôr fim a este sonho; mas no final da II Guerra Mundial, este fenómeno ganha novamente força e concentra-se mais na Palestina, onde os numerosos migrantes hebreus, provenientes dos mais variados países fortalecem-se, em relação aos muitos que se já haviam transferido durante o mandato britânico. A convivência parece não ser mais possível, e assim árabes e hebreus reivindicam Jerusalém como cidade santa própria, e capital do próprio Estado.
A Organização das Nações Unidas (ONU), que havia sido constituída há pouco tempo, foi chamada a intervir neste conflito, e colocada à prova através de uma questão verdadeiramente difícil. Em 29 de Novembro de 1947 foi votada a divisão dos 27.000 km2 da Palestina em dois Estados: 55% aos hebreus (que proclamaram o Estado de Israel no dia 14 de Maio de 1948, quando teve fim o mandato britânico) e 45% aos árabes, que imediatamente contestaram o direito dos hebreus dominar a parte de "terra" que lhes cabia. Todavia, com o decorrer dos anos, a situação modificou-se, tanto que hoje o Estado de Israel ocupa 78% do território sobre o qual habitam cerca de 5,5 milhões de judeus e 1,2 milhões de palestinianos. Em contrapartida, os territórios palestinianos ocupam 22% do território com mais de dois milhões de árabes; porém o seu território é gravemente limitado por uma marcada descontinidade, devido às numerosas ocupações hebraicas, localizadas em lugares estratégicos.

(Fonte: http://www.azionemondounito.org/home.asp ; Apontamentos Pessoais)
Concluindo: existe a esperança de que um dia todo este sofrimento chegue ao fim! Espero que, em ambas as partes, se possa amadurecer uma sociedade civil que saiba dar novamente vida a projectos políticos ambiciosos, o único caminho para levar paz e prosperidade também a esta atormentada população.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Terra Santa: um território partilhável? (II)

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.12.10

Neste segundo Domingo do advento, continuo a oferecer uma reflecção sobre a Paz. Há uma semana, dei a minha opinião sobre quem deve ocupar o território que divide os judeus e os árabes. Hoje vou tentar explicar porque falhou o Processo de Oslo, uma tentativa para restabelecer a Paz naquela zona do nosso mundo.
Porque é que o Processo de Oslo falhou? De certo, não falhou por se ter baseado em premissas erradas. Entendo que DOIS ESTADOS PARA DOIS POVOS É A ÚNICA OPORTUNIDADE PARA HAVER A PAZ NESTA REGIÃO. Então por que é o Processo de Oslo fracassou? Cada lado costuma culpar o outro. Vejamos alguns argumentos palestinianos: 1) Visita de Sharon ao Monte do Templo; 2) Ocupação de Israel na Cisjordânia e em Gaza; e 3) Bloqueios israelitas e punições colectivas. Por outro lado, os argumentos israelitas: 1) Recusa de Arafat às propostas de Barak em Camp David; 2) Atentados terroristas palestinianos; e 3) Incitamento dos Palestinianos à violência e ódio. Segundo este cenário, lanço-lhe um desafio: sinta-se incitado a julgar que actos considera mais imorais e injustos, ou quem tem razão. Cada lado faz uma contagem diferente de sangue e de culpas; costuma escolher diferentes factos para divulgar ou omitir factos; realça que quem perdeu a confiança e a crença no comprometimento do foi a outra facção, frustrando o sucesso do próprio Processo de Oslo.
Por tudo isto: o que é necessário daqui em diante? A primeira coisa a ser combatida é a INTOLERÂNCIA. Os palestinianos e os israelitas devem dizer NÃO aos seus próprios membros intolerantes e às suas formas violentas de manter o conflito aceso. Há que rejeitar as explicações simplistas, os slogans de propaganda que põem toda a culpa num só lado: "Islão = Terrorismo" ou "Sionismo = Racismo".
Dizer que se é pacifista não significa nada. Para ilustrar como se deve lutar pela Paz, transcrevo uma experiência que me parece sintomática e que reflecte o pragmatismo de diálogo ecomémico. Anna Granata, no seu diário de viagem, escreve: "Jerusalém, 4 de Abril de 2004, chegamos ao aeroporto de Tel Aviv durante a noite: somos um grupo de 30 jovens, da Itália, Alemanha, Bélgica, Coreia e Hong Kong. Passamos por um breve interrogatório, mas o suficiente para perceber que chegamos a um país que está em guerra. Depois viajamos de autocarro até Jerusalém. (...) Da janela do nosso quarto vêem-se mulheres árabes, que se dirigem ao "suq" (o mercado árabe), (...). Tinha a sensação que fosse um pouco perigoso, mas, chegando aqui, entende-se o quanto é importante estarmos dispostos a enfrentar o risco, para compartilhar o dia-a-dia das pessoas deste lugar (...). Foi inesquecível: uma multidão de cristãos que cantam e dançam. De todos os lados, crianças e famílias muçulmanas olham curiosos, sorriem e laçam arroz (...). Hoje vieram connosco também alguns jovens palestinianos. (...) Nesta terra não se pode ficar nem um instante sem pensar na religião do outro e na necessidade do diálogo. Depois tivemos um jantar árabe e o acolhimento da comunidade de Jerusalém, que nos amou de modo extremo. Duas jovens muçulmanas agradeceram-nos por termos vindo compartilhar a sua vida de cada dia"
(Fonte: http://www.moun.com ; http://www.mondounito.net ; Apontamentos Pessoais)
Concluindo: É possível contar uma grande mentira ao reunir pequenos fragmentos da verdade. A solução dos dois Estados precisa ser mantida e procurada inequivocamente. Condições como continuidade territorial, segurança, fronteiras reconhecidas e carácter nacional dos dois Estados são essenciais para o seu sucesso. O mundo Unido não é uma utopia. É realidade!

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Terra Santa: um território partilhável? (I)

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.12.03

No início do advento para o Natal, quero propor um desafio: sermos mais activos pela Paz. Deve estar a pensar: como posso fazer isto aqui nesta terra onde nada de mal acontece? Não há guerras, não há bombardeamentos! Mas engana-se: a verdadeira Paz é construída dentro de nós próprios e só depois é dada ao próximo. A ausência da Paz (mais conhecida como guerra) não é só, mas também, no Médio Oriente nem no sudeste asiático.
Quero falar de uma ausência de Paz. Vou fazer uma tentativa de análise sobre o conflito israelo-palestiniano. A "Terra Prometida" estende-se, aproximadamente, do Mar Mediterrâneo ao Rio Jordão. Neste território habitam cerca de 5 milhões de judeus e de 4,5 milhões de árabes. Os judeus chamam a essa terra Israel, e por sua vez, os árabes chamam Palestina. Ambos acreditam que essa terra lhes pertence.
Que razões têm os judeus para acreditar que essa terra lhes pertence? No plano histórico: este território foi um reino hebreu onde os judeus viveram por muitos séculos. Após as revoltas contra os Romanos, de 70 a 135 d.C., a terra, Judeia, recebeu dos Romanos o nome de Palestina. No plano religioso, desde a destruição romana, que os judeus oram para voltar a essa terra. "No próximo ano em Jerusalém" é a frase com que termina cada celebração da Páscoa. Os judeus oram três vezes ao dia, voltados para Jerusalém, que é sua cidade mais sagrada. Após séculos de trágicas cruzadas e por fim, o Holocausto, a maior parte dos judeus acredita que estarão a salvo de perseguições se existir um Estado Judeu independente.
Que razões têm os árabes para acreditar que essa terra lhes pertence? No plano histórico, os povos árabes habitaram nesta terra durante séculos. A sua presença aumentou, significativamente, após a conquista muçulmana no século VII. No plano cultural, as vidas e tradições dos habitantes estão muito ligadas a esta terra, onde muitos tiveram antepassados por inúmeras gerações. Jerusalém é um centro cultural, social e religioso para a população árabe. No plano religioso, nesta urbe ficam as mesquitas de Al-Aqsa e de Omar, o 3º local mais sagrado para os muçulmanos. A tradição diz que o Profeta Maomé subiu ao Céu montado no seu lendário cavalo, Al Buraq.
Em boa verdade, acho que ambos os povos têm direito a essa terra. Ambos os direitos são amplamente reconhecidos pela comunidade internacional. Nenhum dos lados simplesmente desaparecerá amanhã: nem os 5 milhões de judeus nem os 4,5 milhões de árabes. Assim sendo, há 4 possíveis soluções para o conflito : 1) os árabes ficam com toda a terra; 2) os judeus ficam com toda a terra; 3) um Estado bi-nacional para judeus e árabes; e 4) dois Estados para dois povos. Isto é, as soluções 1 e 2 envolveriam a eliminação do outro lado pela força. Apenas um genocídio e deportação em larga escala poderia levar a tal cenário. O resultado mais provável destas soluções levava que ambos os lados iriam lutar entre si até a destruição mútua. A solução 3, o Estado bi-nacional, poderia até parecer atraente em teoria, mas seria impraticável dado o nível de tensão e ódio entre as partes. Além disso, esse tipo de solução contraria os anseios por autonomia e autodeterminação de cada um dos povos. Portanto, a única possibilidade de alcançar uma Paz duradoura seria através da existência de DOIS ESTADOS INDEPENDENTES, ISRAEL E PALESTINA, vivendo lado-a-lado com fronteiras seguras e mutuamente reconhecidas.
Concluindo: O que é que cada mãe e pai, sejam judeus, islâmicos, cristãos ou budistas, desejam para si? Ter e criar os seus filhos, uma casa, comida e educação. Em nada somos diferentes. Apoie a PAZ!

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Centro Cultural Santa Clara: cultura para todos


ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.11.26

O que é a Cultura? Cultura (do latim cultura, cultivar o solo, cuidar) é um termo com várias acepções, em diferentes níveis de profundidade e diferente especificidade. Há diversos sentidos da palavra que variam consoante a aplicação em determinado ramo do conhecimento humano. Relativamente à agricultura significa cultivo. No âmbito das ciências sociais (latu senso) está relacionada com a produção do saber, arte, folclore, mitologia, costumes, bem como com a sua perpetuação pela transmissão de uma geração à outra. Na área de filosofia, a cultura é o conjunto de manifestações humanas que contrastam com a natureza ou comportamento natural. Por seu turno, em biologia uma cultura é normalmente uma criação especial de organismos (em geral microscópicos) para fins determinados. No quotidiano das sociedades ocidentais, costuma ser associada à aquisição de conhecimentos e práticas de vida reconhecidas como melhores, superiores, ou seja, erudição. Na antropologia, a cultura é encarada como a totalidade de padrões aprendidos e desenvolvidos pelo ser humano. Segundo a definição pioneira de Edward Burnett Tylor, sob etnologia (ciência relativa especificamente do estudo da cultura) a cultura seria "o complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, morais, leis, costumes e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade." Portanto, corresponde às formas de organização de um povo, seus costumes e tradições transmitidas de geração para geração que, a partir de uma vivência e tradição comum, se apresentam como a identidade desse povo.
O Centro Cultural e Cívico de Santa Clara (CCCSC) é uma infra-estrutura pertencente à Câmara Municipal de Ponta Delgada, inaugurada em 28 de Agosto de 2004 pela Presidente da edilidade, Dr.ª Berta Cabral. O CCCSC desempenha um papel ímpar no panorama cultural em Santa Clara e no Concelho de Ponta Delgada.
Há pouco mais de um ano como freguesia, com os seus órgãos políticos autónomos, Santa Clara assume-se como uma freguesia virada para o mar. Estratificada no plano social, a freguesia empresta à cidade um conjunto de serviços essenciais ao normal funcionamento de uma cidade: aeroporto, porto, indústrias, estabelecimento de saúde privado. Uma mais-valia para a cidade. E é nesta freguesia que o Município decidiu construir um edifício para dar apoio à nova freguesia que iria surgir. Anexo à Igreja local, o CCCSC cresce para renovar o panorama cultural do Concelho.
Hoje colaboro com o CCCSC. Desenvolvo, com o seu director, toda a organização e gerência das actividades do Centro. Aqui está sediada a Associação de Guias de Portugal, secção de Santa Clara; a secção local da Cáritas e do Banco Alimentar; a Junta e Assembleia de Freguesia de Santa Clara; o Salão de Convívio; o Cybercenter e o Auditório que daqui a algum tempo receberá as reuniões da Assembleia Municipal de Ponta Delgada.
Connosco colabora, durante toda a semana, a agência bancodetempo de Ponta Delgada com actividades variadas: jogos de mesa, pintura, sessões de sensibilização variadas, (ex. Primeiros Socorros e de Segurança), aulas de iniciação às tecnologias de informação, etc.
O auditório também serve para ensaios de passagem de modelos e grupos folclóricos. Na sala de convívio confluem cidadãos que passam toda a tarde a confraternizar. O Cybercenter está aberto, durante toda a tarde, para navegação à Internet e também aqui se desenvolvem cursos de iniciação às tecnologias de informação, de modo a dar diplomas de competências básicas (DCB) a todos os cidadãos que pretendam.
(Fonte: http://www.pontadelgadadigital.com/ e http://www.wikipedia.org/ )
Concluindo: Centro Cultural em Santa Clara para todo o concelho de Ponta Delgada e para toda a ilha de S. Miguel.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Tempo para os outros... Tempo para si

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.11.19

Quem é que não se queixa de falta de tempo para resolver todos os problemas do dia-a-dia? Quem é que não gostaria de poder ajudar mais os outros e de poder participar activamente na vida da sua comunidade? Toda a gente, claro. Mas voltamos sempre à mesma questão: não há tempo. Para colmatar esta lacuna foi criado o Banco de Tempo - é um banco em tudo igual aos outros: tem agências, horário, cheques, depósitos e a particularidade de utilizar o tempo como moeda de troca.
Como funciona o Banco de Tempo? Qualquer investidor que esteja disposto a dar uma hora do seu tempo para prestar um conjunto de serviços, recebe em retribuição uma hora para utilizar em benefício próprio.
Como nasceu a ideia? O modelo de Banco de Tempo inspirou-se na filosofia dos bancos de tempo que apareceram na Itália no início da década de 90. Em Portugal, a Associação Graal começou a trabalhar neste projecto no início de 2001, depois de ter contactado com o conceito, em Barcelona, na Associação Salut Y Família que desenvolve um projecto semelhante, em Espanha. Depois de um ano dedicado à criação da infra-estrutura e ao envolvimento de instituições e pessoas, foram lançadas para as primeiras agências no início de 2002.
E quando chega aos Açores? O Banco de Tempo chega aos Açores através da Câmara Municipal de Ponta Delgada no âmbito da parceria assinada com a Associação Graal. A inauguração da Agência de Ponta Delgada ocorreu a 8 de Maio de 2002, funcionando desde então no Gabinete de Apoio ao Munícipe. A Divisão de Acção Social da Câmara Municipal é o agente dinamizador deste serviço ao dispor da população.
Quais são os objectivos? 1. Apoiar a família e a conciliação entre a vida profissional e a vida familiar através da oferta de soluções práticas da organização da vida quotidiana; 2. Construir uma cultura de solidariedade e promover o sentido de comunidade, o encontro de pessoas que convivem nos mesmos espaços, a colaboração entre gerações e a construção de relações sociais mais humanas; 3. Valorizar o tempo e o cuidado dos outros, estimular os talentos e promover o reconhecimento das capacidades de cada um; 4. Promover a cooperação entre várias entidades públicas ou privadas.
E quais os princípios? 1. Todos temos algo a dar e a receber: obrigatoriedade de intercâmbio. O Banco de Tempo não é uma estrutura em que se dá sem receber em troca, nem em que se recebe sem dar nada em troca; 2. Não há troca directa de serviços: o tempo prestado por um membro é-lhe retribuído por qualquer outro membro; 3. Troca-se tempo por tempo: a unidade de valor e de troca é a hora; 4. Todas as horas têm o mesmo valor: não há serviços mais valiosos do que outros, nem escalas de valor de serviços. O serviço prestado não tem de ser igual ao recebido; 5. A circulação de dinheiro só é possível para reembolso, previamente acordado, de despesas específicas e documentadas; 6. Os serviços prestados correspondem a actividades não profissionais que se realizem com gosto: a troca assenta na boa vontade, na lógica das relações de "boa vizinhança".
Como pedir um serviço? Primeiro: contactar a agência e comunicar: serviço, data e local; segundo: a agência procura um "fornecedor e dá-lhe os contactos de quem pediu; terceiro: ambos comunicam e acertam os detalhes; e quarto: o serviço é prestado.
E que serviços podem ser oferecidos? São oferecidos actividades lúdicas: jogar, andar de bicicleta, tocar música; burocracia/secretariado; costura/lavores... Portanto, há um leque vasto de serviços que são prestados.
Cláudio Lopes, um dos responsáveis do Banco do Tempo em Ponta Delgada, na página oficial, deixou um testemunho que realço: "A solidariedade social é uma área de intervenção fundamental para a construção de uma verdadeira comunidade e o Banco de Tempo já provou, em múltiplos casos, ser um instrumento de integração social que pode, por vezes, acelerar processos de coesão, derrubando barreiras na comunicação e facilitando a interacção entre os diversos membros. É incontestavelmente uma iniciativa dirigida a todos os interessados em ajudar o próximo e a todos os que pretendam ser ajudados de alguma forma. As características das acções desenvolvidas no âmago do Banco de Tempo encontram-se relacionadas com acções solidárias e altruístas, desinteressadas de retribuições económicas, onde os seus intervenientes esperam em seu lugar retribuições de outra espécie, como a satisfação pessoal e a aprendizagem adquirida na interacção com outras pessoas. Esta iniciativa promovida em São Miguel, pela Câmara Municipal de Ponta Delgada, aposta no sentido de generosidade dos seus membros, ao mesmo tempo que espera um efeito multiplicador. O campo de acção dos membros da Agência de Ponta Delgada passa inteiramente pela sua vontade e disponibilidade para desenvolver as actividades para as quais é apto, dentro do qual ele realiza acções relevantes para o seu crescimento. O objectivo geral acaba por ser o desenvolvimento social e cultural efectivo. Estes cidadãos, integrando esta iniciativa, assumem uma participação activa na sociedade e contribuem para a sua mudança".
(Fonte: http://www.graal.org.pt e http://pagpessoais.iol.pt/bancotempo/index.html )
Concluindo: ajudar o próximo não é uma utopia. O Banco do Tempo é bem real. Façamos desta iniciativa um exemplo ímpar nesta sociedade tão conturbada...

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Aquecimento Global da Terra

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.11.12

Todos os dias, nas conversas que mantemos com os nossos amigos, as preocupações ambientais estão ganhando cada vez mais pertinência. Não será que o problema das alterações climáticas também se deve ao aquecimento global da terra? O aquecimento global é o aumento da temperatura terrestre devido ao uso de combustíveis fósseis e outros processos a nível industrial, que levam à acumulação, na atmosfera, de gases propícios ao Efeito de Estufa, tais como o Dióxido de Carbono, o Metano, o Óxido de Azoto e os CFC’s.

As idades do gelo, que têm vindo a dominar o planeta, desde há dois milhões de anos - durando dezenas de milhares de anos -, deveram-se a alterações significativas nos calotes polares, levadas a cabo por flutuações na intensidade da radiação solar e variações na distância entre a Terra e o Sol. No período interglacial, que estamos a atravessar, não se tem verificado quaisquer oscilações, como as indiciadas para períodos interglaciais anteriores, tendo, este período de estabilidade, funcionando como uma "janela" que permitiu o florescimento da civilização humana. No caso de não se tomarem medidas drásticas de forma a controlar a emissão de gases de Efeito de Estufa é, quase certo, que teremos de enfrentar um aumento da temperatura global que continuará indefinidamente, prevendo que os efeitos serão piores do que quaisquer efeitos provocados por flutuações naturais, o que significa que iremos assistir, provavelmente, às maiores catástrofes naturais, causadas pelo Homem, alguma vez registadas no planeta.

Para tentar dirimir o problema, eu pessoalmente defendo a aplicação do Protocolo de Quioto (PQ). Acho que o PQ faz sentido porque as emissões de gases de estufa, principalmente aqueles provenientes da queima de combustíveis fósseis, são os principais responsáveis pelo aquecimento global. Defendo que os países desenvolvidos têm que diminuir drasticamente as emissões mesmo que isso inviabilize, a médio prazo, o seu crescimento económico. Todavia, o maior emissor de gases estufa do planeta, os EUA, não ratificaram e, provavelmente não o farão num prazo previsível, comportamento padrão de um Estado petulante. Ainda bem que todas as nações europeias e o Japão já o ratificaram, com vista a diminuir as suas emissões até 2010 em 8%, abaixo dos níveis de 1990, mesmo se já tenham admitido que não conseguirão atingir esta meta e somente poderão conseguir reduzir as emissões para 1% em 2010.

Posto isto, quais são as pragas do Aquecimento Global?

1. O Árctico está a derreter - a cobertura de gelo da região no verão diminuiu ao ritmo constante de 8% ao ano há três décadas. Em 2005, a camada de gelo foi 20% menor em relação à de 1979, uma redução de 1,3 milhão de KM2, o equivalente à soma dos territórios da França, da Alemanha e do Reino Unido. No entanto, no Hemisfério Sul, durante os últimos 35 anos, o derretimento apenas aconteceu em cerca de 2% da Antárctida; nos restantes 98%, houve um esfriamento e a massa da neve deverá aumentar durante este século.

2. Os furacões estão cada vez mais fortes - devido ao aquecimento das águas, a ocorrência de furacões das categorias 4 e 5 (os mais intensos da escala), dobrou nos últimos 35 anos.

3. O nível do mar subiu - a elevação, desde o início do século passado, está entre 10 e 25 centímetros. Em certas áreas litorais, como algumas ilhas do Pacífico, significou um avanço de 100 metros na maré alta. Actualmente, o nível das águas poderá subir entre 14 e 43 cm.

4. Os desertos avançam - o total de áreas atingidas por secas dobrou em trinta anos. Um quarto da superfície do planeta é agora deserto. Só na China, as áreas desérticas avançam 10.000 KM2 por ano, o equivalente ao território do Líbano.

5. Já se contam os mortos - A ONU estima que 150.000 pessoas morrem anualmente por causa de secas, inundações e outros factores relacionados directamente ao aquecimento global. Estima-se que em 2030, o número dobrará.

(Fonte:

http://resistir.info

)

Concluindo: Depois da ameaça de uma "nova idade do gelo", depois das "chuvas ácidas", depois do "buraco do ozono" o que mais acontecerá ao nosso Planeta por nossa culpa???

SOLVIT

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.11.05

Hoje vou apresentar uma plataforma comunitária para a resolução de problemas do nosso quotidiano. Em Ponta Delgada, no passado dia 25 de Outubro, a Direcção Regional dos Assuntos Europeus e Cooperação Externa (DRAECE) e o seu Director, Dr. Rodrigo Oliveira, apresentaram a rede SOLVIT.
O que significa? Solvit é uma rede em linha de resolução de problemas na qual participam os Estados Membros da União Europeia (UE) com o objectivo de dar uma resposta pragmática às dificuldades decorrentes de uma aplicação incorrecta da legislação do mercado interno pelas autoridades públicas. SOLVIT está presente em todos os Estados Membros da União Europeia (assim como: na Noruega, na Islândia e no Liechtenstein, Estados-membros da EFTA).
A Rede Solvit está em funcionamento desde Julho de 2002. A Comissão Europeia (CE) faz a gestão da base de dados e, quando necessário, presta assistência para acelerar a resolução dos problemas, bem como veicula, para o SOLVIT, algumas das queixas formais que recebe, quando existem fortes probabilidades de o problema poder ser resolvido sem recurso à justiça. Os centros Solvit, por sua vez, procuram solucionar os problemas apresentados pelos cidadãos e pelas empresas; estão sediados na administração pública nacional e têm por objectivo encontrar soluções reais para problemas concretos, num curto espaço de tempo – dez semanas. O Solvit é um serviço gratuito.
Porquê escolher a rede Solvit? O mercado interno oferece muitas oportunidades aos cidadãos e às empresas. Uma pessoa pode desejar mudar se para outro país da União Europeia para estudar, trabalhar, juntar-se a um(a) companheiro(a) ou gozar a sua reforma. Um cidadão comunitário poderá, também, querer constituir uma empresa ou vender os seus produtos ou serviços noutro Estado-membro da UE. Embora o mercado interno funcione geralmente bem, é quase inevitável que, por vezes, se cometam erros ou que ocorram problemas de interpretação dos direitos dos cidadãos ou das empresas. Por exemplo, poderá haver problemas com a obtenção de uma autorização de residência, recusa de reconhecimento de um diploma ou de qualificações profissionais, problemas com a troca da matrícula de um veículo, direitos em matéria de emprego, segurança social, imposto sobre o rendimento ou direito de voto. Uma empresa pode enfrentar obstáculos administrativos, exigências nacionais adicionais relativas a produtos que já são comercializados noutro Estado Membro da UE ou problemas com o reembolso do IVA.
Então, como funciona o SOLVIT? Quando se submete um caso à rede Solvit, o centro Solvit local verifica, em primeiro lugar, todos os dados do seu pedido para se certificar de que ele diz, efectivamente, respeito a uma aplicação incorrecta das regras do mercado interno e de que toda a informação necessária foi apresentada. O seu caso será, então, introduzido numa base de dados interactiva e em linha e será automaticamente encaminhado para o Centro SOLVIT do Estado-membro em que o problema ocorreu (denominado Centro SOLVIT "Responsável"). No prazo de uma semana, o Centro SOLVIT Responsável deverá confirmar se vai, ou não, ocupar-se do caso. O facto de o caso estar bem fundamentado e existirem fortes probabilidades de poder ser resolvido pragmaticamente determinará, em grande medida, a decisão do Centro. Em certos casos, o problema poderá residir na própria regra e não só na sua aplicação. Se a solução para um problema implicar a revogação de uma determinada regra, isso poderá levar vários meses ou mesmo mais e poderá exigir uma acção judicial. Nesses casos, a Rede SOLVIT pouco poderá fazer, embora um Estado-membro que tenha decidido alterar um procedimento contestado possa resolver renunciar à sua aplicação. Sendo assim, a Rede SOLVIT constitui um mecanismo alternativo para a resolução informal de litígios. Funciona muito mais depressa do que a apresentação de uma queixa formal.
(Fonte: http://europa.eu.int/solvit )
Concluindo: esta como outras plataformas são precisas para defender os direitos dos cidadãos na União Europeia. Só se pode falar numa Europa política quando se fizer actos práticos para os seus cidadãos.

Razões para escolher a VIDA

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.10.29

Artigo 24.º
(Direito à vida)

1. A vida humana é inviolável.

2. Em caso algum haverá pena de morte.

Artigo 115.º
(Referendo)

1. Os cidadãos eleitores recenseados no território nacional podem ser chamados a pronunciar-se directamente, a título vinculativo, através de referendo, por decisão do Presidente da República, mediante proposta da Assembleia da República ou do Governo, em matérias das respectivas competências, nos casos e nos termos previstos na Constituição e na lei.

2. O referendo pode ainda resultar da iniciativa de cidadãos dirigida à Assembleia da República, que será apresentada e apreciada nos termos e nos prazos fixados por lei.

3. O referendo só pode ter por objecto questões de relevante interesse nacional que devam ser decididas pela Assembleia da República ou pelo Governo através da aprovação de convenção internacional ou de acto legislativo.

4. São excluídas do âmbito do referendo:

a) As alterações à Constituição;

b) As questões e os actos de conteúdo orçamental, tributário ou financeiro;

c) As matérias previstas no artigo 161.º da Constituição, sem prejuízo do disposto no número seguinte;

d) As matérias previstas no artigo 164.º da Constituição, com excepção do disposto na alínea i).

5. O disposto no número anterior não prejudica a submissão a referendo das questões de relevante interesse nacional que devam ser objecto de convenção internacional, nos termos da alínea i) do artigo 161.º da Constituição, excepto quando relativas à paz e à rectificação de fronteiras.

6. Cada referendo recairá sobre uma só matéria, devendo as questões ser formuladas com objectividade, clareza e precisão e para respostas de sim ou não, num número máximo de perguntas a fixar por lei, a qual determinará igualmente as demais condições de formulação e efectivação de referendos.

7. São excluídas a convocação e a efectivação de referendos entre a data da convocação e a da realização de eleições gerais para os órgãos de soberania, de governo próprio das regiões autónomas e do poder local, bem como de Deputados ao Parlamento Europeu.

8. O Presidente da República submete a fiscalização preventiva obrigatória da constitucionalidade e da legalidade as propostas de referendo que lhe tenham sido remetidas pela Assembleia da República ou pelo Governo.

9. São aplicáveis ao referendo, com as necessárias adaptações, as normas constantes dos n.os 1, 2, 3, 4 e 7 do artigo 113.º.

10. As propostas de referendo recusadas pelo Presidente da República ou objecto de resposta negativa do eleitorado não podem ser renovadas na mesma sessão legislativa, salvo nova eleição da Assembleia da República, ou até à demissão do Governo.

11. O referendo só tem efeito vinculativo quando o número de votantes for superior a metade dos eleitores inscritos no recenseamento.

12. Nos referendos são chamados a participar cidadãos residentes no estrangeiro, regularmente recenseados ao abrigo do disposto no n.º 2 do artigo 121.º, quando recaiam sobre matéria que lhes diga também especificamente respeito.

13. Os referendos podem ter âmbito regional, nos termos previstos no n.º 2 do artigo 232.º

Nos últimos tempos, muito se tem falado sobre a "lei de despenalização do aborto". Os partidos políticos têm vindo a repudiar o facto de, ainda no séc. XXI, haver mulheres a serem julgadas pela prática da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). Nos artigos 24º e 115º da Constituição da República Portuguesa, Lei das leis em Portugal, está bem patente a defesa do direito à vida e quais os assuntos sujeitos a referendo.

A Assembleia da República decidiu sujeitar, mais uma vez, a referendo popular o alargamento das condições legais para a IVG, acto vulgarmente designado por aborto voluntário. Esta proposta já foi rejeitada em referendo anterior, embora a percentagem de opiniões expressas não tivesse sido suficiente para tornar a escolha do eleitorado constitucionalmente irreversível, o que foi aproveitado pelos defensores do alargamento legal do aborto voluntário. A vida humana é um valor absoluto, a defender e a promover em todas as circunstâncias; não é referendável e por isso nenhuma lei permissiva respeita os valores éticos fundamentais acerca da Vida, o que se aplica também à Lei já aprovada.

Porquê votar "não", no referendo, é escolher a Vida:

1ª. O ser humano está todo presente desde o início da vida, quando ela é apenas embrião. E esta é hoje uma certeza confirmada pela Ciência: todas as características e potencialidades do ser humano estão presentes no embrião. A vida é, a partir desse momento, um processo de desenvolvimento e realização progressiva, que só acabará na morte natural. O aborto provocado, sejam quais forem as razões que levam a ele, é sempre uma violência injusta contra um ser humano, que nenhuma razão justifica eticamente.

2ª. A legalização não é o caminho adequado para resolver o drama do "aborto clandestino", que acrescenta aos traumas espirituais no coração da mulher-mãe que interrompe a sua gravidez, os riscos de saúde inerentes à precariedade das situações em que consuma esse acto. Não sou insensível: a luta contra este drama social deve empenhar todos e passa por um planeamento equilibrado da fecundidade, por um apoio decisivo às mulheres para quem a maternidade é difícil, pela dissuasão de todos os que intervêm lateralmente no processo, frequentemente com meros fins lucrativos.

3ª. Não se trata de uma mera "despenalização", mas sim de uma "liberalização legalizada", pois cria-se um direito cívico, de recurso às instituições públicas de saúde, preparadas para defender a vida e pagas com dinheiro de todos os cidadãos. "Penalizar" ou "despenalizar" o aborto clandestino, é uma questão de Direito Penal. As mulheres que passam por essa provação precisam mais de um tratamento social do que penal. Precisam de ser ajudadas e não condenadas; foi a atitude de Jesus perante a mulher surpreendida em adultério: "alguém te condenou?... Eu também não te condeno. Vai e doravante não tornes a pecar".

4ª. O aborto não é um direito da mulher. Ninguém tem direito de decidir se um ser humano vive ou não vive, mesmo que seja a mãe que o acolheu no seu ventre. A mulher tem o direito de decidir se concebe ou não. Mas desde que uma vida foi gerada no seu seio, é outro ser humano, em relação ao qual tem particular obrigação de o proteger e defender.

5ª. O aborto não é uma questão política, mas de direitos fundamentais. O respeito pela vida é o principal fundamento da ética, e está profundamente impresso na nossa cultura. É função das leis promoverem a prática desse respeito pela vida. A lei sobre a qual os portugueses vão ser consultados em referendo, a ser aprovada, significa a degenerescência da própria lei. Seria mais um caso em que aquilo que é legal não é moral.

(Fonte:

http://www.parlamento.pt/const%5Fleg/crp_port/constpt2005.pdf
; http://www.agencia.ecclesia.pt )

Concluindo: a Europa está a envelhecer. Se se continuar a matar crianças inocentes, liberalizar o casamento entre homossexuais e apoiar a eutanásia, daqui a alguns anos não vai haver ninguém para contar a nossa História. Até onde vai a desfaçatez destes assassinos de crianças indefesas? Os homens querem acabar com a raça humana. Para onde irá esta civilização da morte?

ver: http://www.youtube.com/watch?v=1YDh2aLtEwk

Uma grande ideia: o mundo unido

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.10.22

Hoje termina a Semana Mundo Unido (SMU) 2006. Durante uma semana, os Jovens para Mundo Unido (JMU), em todo o mundo, promoveram a décima edição da SMU.
Quem são os JMU? São mais de 500.000 jovens de diferentes etnias, nacionalidades e culturas que pertencem ao Movimento dos Focolares, movimento fundado por Chiara Lubich. São jovens cristãos, hebreus, muçulmanos, budistas, hindus e também de convicções não religiosas, presentes em mais de 180 nações. Acreditam na possibilidade de um mundo mais unido, solidário, em que se respeite a identidade de cada um e empenham-se concretamente na sua realização. Neste sentido, promovem acções e iniciativas a nível local e mundial, intervêm com acções imediatas de ajuda a pessoas e populações em situações de emergência, como países em guerra ou vítimas de calamidades naturais.
Começaram, no passado domingo,15 de Outubro, as actividades da Semana Mundo Unido, iniciativa anual e mundial em que, durante uma semana, os JMU promovem várias acções, actividades desportivas, vigílias pela paz, serões culturais, debates... Vários outros eventos e iniciativas foram desenvolvidas em todo o mundo, este ano: de metrópoles como Nova York, Mumbai, Buenos Aires, Cidade do México, Nairobi, Kampala, Milão, Roma, Paris, Singapura, Melbourne, até pequenas cidades e vilas, estiveram mais uma vez interligados nos cinco continentes, numa rede planetária que torna visível um mundo mais unido. Poder-se-ão ouvir e partilhar algumas experiências, de modo especial sobre o diálogo entre as religiões, que leva à paz. Estarão em conferência, jovens do Líbano e de Belém na Cisjordânia, da Tailândia e de Singapura, e ainda da Nigéria e das Filipinas, num total de mais de 90 cidades, além de muitas outras que estarão em conexão dentro de cada país. O fim do período do Ramadão, que muitos dos JMU muçulmanos festejam, coincidirá com a SMU. Assim sendo, uma proposta foi feita aos JMU cristãos e de outras religiões: unir-se, sexta-feira 20 de outubro – a última sexta-feira do Ramadão – para um dia de jejum e oração (como aquele promovido por João Paulo II, no dia 14 de dezembro de 2001), como sinal do compromisso comum pela paz.
Em S. Miguel, os JMU, também, desenvolveram duas actividades durante a SMU: a primeira foi uma tarde desportiva no dia 15, no Bairro Santa Luzia, na Ribeira Grande, com todos os jovens que por lá passaram. Tive a oportunidade de lá estar e verifiquei que o desporto é uma maneira saudável de se aprofundar os laços de fraternidade, sem barreiras económicas, sociais ou mesmo sexistas. Outra actividade desenvolvia foi uma exposição fotográfica e audiovisual que esteve patente, durante os 7 dias da SMU, no Centro Comercial Parque Atlântico, em Ponta Delgada. Todos os cartazes, vídeos e agendas, com pensamentos para cada dia da semana, fez-me viver melhor, fez-me sonhar por um mundo diferente daquele que aparece todos os dias nas primeiras páginas dos jornais ou no abrir dos telejornais.
(Fonte: www.focolares.org.pt , www.mondounito.net )
Concluindo: A Semana Mundo Unido termina hoje com uma ligação telefónica entre as 90 cidades em todo o mundo, com os jovens que se encontram envolvidos, onde haverá troca de experiências sobre o diálogo interreligioso.

SMU’06

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.10.15

Durante uma semana, a partir de hoje, começa a Semana Mundo Unido (SMU). A SMU é organizada, em todo o mundo, por jovens de diversas raças e nacionalidades, os Jovens por um Mundo Unido (JMU). São a expressão jovem do Movimento dos Focolares, fundado por Chiara Lubich, e escolheram como modelo de vida o Evangelho.
Os JMU pertencem às principais religiões espalhadas pelo globo. Neles, de igual modo, participam jovens de outras culturas que não professam um credo religioso. O que os une é o empenho pela fraternidade universal. Crêem na possibilidade de tornar a humanidade melhor, mais solidária, uma só família, respeitando a identidade de cada um. Seguem os caminhos possíveis para levar a todos a Unidade, sanar as divisões existentes nas famílias, entre as gerações, grupos e movimentos, fiéis das várias denominações e de diversas religiões; e, ainda, fazer cair barreiras entre as pessoas de etnias, raças, povos, culturas, camadas sociais, tendências e convicções diversas. Promovem actividades e iniciativas ao nível local e mundial, e estão presentes, com acções imediatas, para ajudar pessoas e povos em situações de emergência, em países em guerra ou calamidades naturais. Os JMU empenham-se no quotidiano, onde vivem, estudam, trabalham, para responder às necessidades de pessoas e de grupos, iniciando actividades e obras no campo social, da cultura, do desporto, dos meios de comunicação social. Tendo como característica um empenho contínuo inserido no próprio território, procuram atingir o objectivo de criar, por toda parte "fragmentos de fraternidade", para chegar ao mundo unido, à paz. Fragmentos de fraternidade estão sendo desenvolvidos no mundo inteiro, para levar adiante uma cultura de comunhão, de interdependência, de amor entre povos, raças e culturas diferentes.
A SMU é uma proposta dos jovens de todo o mundo, para as instituições nacionais e internacionais, públicas e privadas para se pôr em relevo as iniciativas que promovem a unidade a qualquer nível. Desde 1995, os JMU têm uma cidade planetária: a SMU. Durante uma semana promovem acções, debates, manifestações culturais, com propósito de influir na opinião pública do seu país para vincar os seus ideais. A SMU culmina com uma ligação telefónica mundial entre os jovens participantes.
Nos Açores, e em S. Miguel em particular, vamos ter três momentos marcantes a assinalar o XI aniversário da SMU: hoje, pelas 15h, no Bairro Santa Lúzia, na Ribeira Grande, haverá uma tarde desportiva; durante toda a semana, no Parque Atlântico, em Ponta Delgada, vai estar patente uma exposição fotográfica sobre os JMU e, no dia 22, no centro regional dos JMU, far-se-á a ligação telefónica global.
Fonte: http://www.mondounito.net
Concluindo: "Observei que, em todos os lugares do mundo – de Norte a Sul, de Leste a Oeste – que a humanidade progride, passo a passo, até ser possível afirmar que a sua história nada mais é do que uma lenta, mas irrefreável, marcha rumo à fraternidade universal. E, nesse desenvolvimento, vocês são os verdadeiros e reais protagonistas. Portanto, vão em frente com coragem!" (Chiara Lubich)

A fraternidade entre os povos

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.10.08

Na profunda transformação do mundo actual rumo a uma sociedade cada vez mais multicultural e multireligiosa, com o surgimento de novos fenómenos de xenofobia e intolerância religiosa e o temido confronto de civilizações, o empenho em promover o diálogo entre as religiões a fim de que o pluralismo religioso da humanidade de divisões e guerras não seja posta em causa, é premente que a família humana se componha em fraternidade.

O diálogo fundamentado na espiritualidade da Unidade, que o Movimento dos Focolares preconiza, tem-se demonstrado particularmente fecundo. Nestas décadas de diálogo, reforçou-se a convicção de que os seguidores de outras religiões esperam dos cristãos, antes de tudo, um testemunho concreto de amor inspirado no Evangelho. Não é por acaso, que em todas as religiões, pode-se encontrar a regra de ouro "Não faça ao outro o que não gostarias que fosse feito a ti". A concretização da "regra de ouro" suscita um clima de amor (evangélico) mútuo no qual é possível estabelecer este diálogo. Exige "fazer-se um", isto é, "viver o outro". Não é um comportamento de pura benevolência, abertura e estima, mas uma prática que exige o "vazio" completo de nós mesmos, para nos tornarmos uma só coisa com o outro, para "colocar-se na pele do outro" e, também, no sentido de aceitar que ele possa ser muçulmano, hindu, budista... O efeito é duplo: ajuda-nos à inculturação e, portanto, poderemos conhecer a religião, a linguagem do outro, o que predispõe os outros à escuta.

Dessa forma, podemos passar ao "anúncio respeitoso" no qual, por lealdade para com Deus, consigo próprio e também pela sinceridade com o próximo, dizemos aquilo que a nossa fé afirma a respeito de determinado assunto, sem com isso impor nada ao outro, sem nenhuma sombra de facciosismo, mas por amor. É assim que cresce entre nós o conhecimento recíproco.

E quais são os efeitos deste diálogo? Neste espírito de unidade, o efeito do diálogo não é o sincretismo, mas a redescoberta das próprias raízes religiosas, daquilo que nos une, uma experiência viva de fraternidade: reforça-se o compromisso comum em sermos artífices de unidade e de paz, especialmente onde a violência, a intolerância racial e religiosa tentam criar um abismo entre os componentes da sociedade. Desta forma, surgem, inclusive, significativas realizações humanitárias comuns.

Como afirmou o Papa Bento XVI e diversos líderes religiosos: "Se juntos conseguirmos arrancar dos corações o sentimento de rancor, opor-nos a qualquer forma de intolerância e a toda e qualquer manifestação de violência, inibiremos a onda de fanatismo cruel que coloca em risco a vida de tantas pessoas, embaraçando o progresso da paz no mundo. É uma missão árdua, mas não impossível. Aquele que crê, sabe que pode contar, não obstante a própria fragilidade, com a força espiritual da oração" (Bento XVI, Colónia, encontro com as comunidades muçulmanas, 20 de Agosto de 2005).

Em 1977, Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, em Londres, dirigiu-se à Guild Hall, quando recebeu o Prémio Templeton para "o progresso da religião". Diante de personalidades de diversas religiões, narra a sua experiência. Era imprevisível o interesse que iria suscitar entre as pessoas presentes naquela sala. A partir de então, o diálogo inter-religioso tornou-se parte integrante dos objectivos do Movimento. Desde 1994 Chiara Lubich é um dos presidentes honorários da Conferência Mundial das Religiões pela Paz (WCRP). A partir de 1997, representantes do Movimento participam das Assembleias mundiais da WCRP, de encontros e iniciativas locais.

Devido à expansão universal do Movimento, existe hoje um diálogo aberto com todas as principais religiões do mundo, não apenas com seguidores isolados ou com líderes religiosos, mas com líderes e seguidores de vastos Movimentos: o Movimento leigo budista Rissho Kosei-kai, que conta com 6 milhões de aderentes; a American Society of Muslims (EUA), com mais de 2 milhões; a Swadhyaya Family (Índia), que abraça 8 milhões de aderentes, na sua maioria hindus.

(Fonte:

http://www.focolare.org

)

Concluindo: são mais de 30 mil os seguidores de outras religiões que, naquilo que lhes é possível, vivem a espiritualidade do Movimento e com ele comprometem-se, colaborando com os seus objectivos.

Vera Cruz: paraíso na terra

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.10.01

"(...) Continuo a acreditar que é possível mudar o mundo contribuindo com uma acção solidária. Às vezes duvido que seja possível: o mundo dos ladrões, facínoras e corruptos está forte e não tem escrúpulos. As máfias italiana, americana, colombiana, russa, turca, georgiana, chinesa e japonesa (...) É assustador como estão enraizadas, estruturadas, e são eficazes: corrompem tudo, políticos, polícias, banqueiros, juizes. Os Estados estão enfraquecidos, permeáveis, e nós, a sociedade civil, embora com vontade de alertar, de sensibilizar e de melhorar o sistema, estamos desorganizados e com poucos meios (...) "
(NOBRE, Fernando, Viagens contra a indiferença, 2004, Temas e Debates, Lisboa, p.124)
Hoje, cerca de 270 milhões de brasileiros decidem quem ocupará o Palácio do Planalto, ou seja, quem será o próximo presidente do Brasil. Lula da Silva, actual titular do cargo, e segundo as últimas sondagens, leva vantagem para voltar a vencer. Há quem diga que é mesmo na primeira volta...
Um dos maiores países do globo, o Brasil encerra em si maravilhas jamais encontradas noutros locais. Quando, em 1500, Pedro Álvares Cabral o descobriu, Portugal ficou com uma colónia que lhe deu muitas alegrias mas também alguns dissabores.
Hoje em dia, chamamos "nostros hermanos" aos nossos vizinhos espanhóis, mas perdoem-me porque acho que os brasileiros têm muito mais a ver connosco do que os nossos vizinhos. Sei que, na altura da colonização, cometemos actos hediondos contra os nativos para "expandir a fé cristã". Todavia, hoje, depois de muita riqueza ter vindo para o nosso país, creio que o saldo é francamente positivo tanto para os portugueses como para os brasileiros.
Quando se fala no Brasil o que se pensa? Praia, sol, Amazónia, Rio de Janeiro, São Paulo, escrete, mulheres bonitas, enfim - o paraíso na terra! E as pessoas? Costuma-se dizer que os EUA são um ‘melting pot’ civilizacional. O Brasil, pela sua extensão territorial e pela sua variedade etnográfica, é sim uma verdadeira caldeirada de brancos, africanos, índios e asiáticos vivendo numa harmonia (ou quase) assinalável. Tenho muitos amigos brasileiros e fico amargurado quando se generaliza os factos: não é por haver prostitutas brasileiras que todas as brasileiras o são. Também há prostitutas portuguesas e espanholas e de Leste, porque é que só as brasileiras são estigmatizadas?
Mas, infelizmente, há outro Brasil: o Brasil corrupto, criminoso, perigoso. A campanha eleitoral para a Presidência da República trouxe, mais uma vez, à tona a corrupção na política. Lula da Silva, alegadamente por ter corrompido, pode ver suspensa a sua elegibilidade se se provar os actos que em si recaem. O Brasil, apesar das suas economias paralelas, tem crescido muito ao ponto de ser apontado com umas das 10 economias mais poderosas do mundo. Controla o Mercosul (espécie de CEE na América do Sul) e está perfilado para pertencer, como membro assente, ao Conselho de Segurança da ONU.
Concluindo: não basta parecer, tem que se SER. E o Brasil tem, pelo seu multiculturalismo, um potencial imenso para se afirmar num mundo cada vez mais globalizado.

Fraternidade Universal: NÃO é utopia!

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.09.24

"(...) no século XXI, muitas das ameaças mais importantes não são causadas nem correspondem a objectivos definidos por Estados: têm a ver com indivíduos que se deslocam numa era de globalização. Hoje receamos menos o aparecimento de exércitos invasores do que o terrorismo, o efeito estufa, a expansão de doenças como a Sida ou as migrações em massa provocadas por uma qualquer limpeza étnica. Com a expansão da democracia e dos direitos humanos em todo o mundo, as viagens baratas, a visão telescópica de uns meios de comunicação social globais e a existência de organizações que fazem campanhas que trazem o sofrimento para as nossas salas de estar, o público já não está isolado dos desastres ocorridos em lugares distantes do globo. (...)"

(LEONARD, Mark, Século XXI – A Europa em mudança, 2005, Ed. Presença, Lisboa, p.140)

Nos nossos conturbados tempos há que pensar muito bem na origem dos nossos problemas. "Os desequilíbrios produzidos por uma economia de mercado globalizada, o vasto déficit de legalidade, a necessidade de uma política ao serviço do bem comum, de uma comunicação que não esteja ao serviço de interesses económicos e políticos, são alguns dos inúmeros desafios que se apresentam à humanidade no início do novo século. A resposta só pode ser uma: a fraternidade universal. Acho que deve ser apresentada com factos concretos, vividos em diferentes contextos culturais: na Europa de Leste e Ocidental, na América Latina, na Ásia e na África, e em diferentes âmbitos da sociedade".

Há um movimento de pessoas de bem que propõe uma revolução pacífica no nosso modo de ver a vida: os "voluntários de Deus, uma ramificação do amplo Movimento dos Focolares, fundado por Chiara Lubich em 1943. É um Movimento de renovação espiritual e social, difundido em 182 países, que conta com alguns milhões de aderentes e simpatizantes jovens, adolescentes, famílias, profissionais e operários, de todas as raças, culturas, vocações e crenças religiosas, envolvidos num único projecto: o de contribuir para sanar as divisões, os traumas e os conflitos existentes na sociedade, tendo como único objectivo a fraternidade da família humana. O método privilegiado é o diálogo. Diálogo dentro da própria Igreja, entre as Igrejas, com os Judeus, entre religiões, com pessoas sem convicções religiosas. São inúmeras as concretizações nos vários âmbitos da sociedade, entre as quais se encontram as Cidadelas, as Editoras, os Jornais, as obras sociais e as adopções à distância. A espiritualidade da unidade que nasceu do Evangelho, é a linfa vital que anima o Movimento, é o húmus onde se desenvolvem as várias obras e a força de renovação que contém a dimensão da comunhão e da unidade".

Nos primeiros dias deste mês de Setembro reuniram-se em Budapeste (Hungria) numa Manifestação internacional promovida pelo Movimento dos Focolares no 50° aniversário dos trágicos acontecimentos da Hungria O encontro pretendeu ser um testemunho visível de uma outra revolução, a revolução dos "voluntários de Deus" que surgiram nesse mesmo ano como resposta às aspirações de paz e de liberdade. Participaram 11.000 pessoas de 64 países dos 5 continentes. Com o tema: MUITOS DESAFIOS, UMA PROPOSTA: A FRATERNIDADE - uma resposta inovadora nos vários âmbitos da sociedade: economia, direito, comunicação, política, desenvolvimento, defenderam:

- na economia: será apresentado o projecto de "Economia de comunhão" concretizado em várias empresas de produção e serviços, e a visão cultural que o inspira;

- no direito: será posto em evidência o impacto da fraternidade sobre a questão crucial da legalidade;

- na comunicação: será sublinhada a importância dos meios de comunicação para compor a família humana em unidade, na diversidade;

- na política: será realçado o impacto da fraternidade no agir político, como fundamento e princípio da liberdade e da igualdade.

(Fonte:

http://budapest2006.focolare.org

)

Concluindo: com iniciativas deste tipo o mundo torna-se muito mais aprazível. Está nas nossas mãos que a fraternidade não seja uma utopia.

5 d.A.

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.09.17

Cinco anos passados depois dos atentados de 11 de Setembro nos EUA, será que o mundo mudou? Ou será que "afinal de contas, a data que revolucionou verdadeiramente as coisas, foi o 31 de Dezembro de 1991? Nesse dia, ao decidir dissolver-se, a União Soviética pôs fim à Guerra Fria e fez dos Estados Unidos a única superpotência do planeta. Desde então, o mundo ficou desequilibrado. Os atentados de 11 de Setembro não são mais do que uma manifestação deste desequilíbrio"?
Nos últimos tempos, muito se tem escrito e falado sobre: "Jihad", "guerra de civilizações", "anarquia nas Relações Internacionais", "unilateralismo vs. multilateralismo da ordem mundial". Quem nunca ouviu: "O ataque ao WTC, coração da economia global, aconteceu em Nova Iorque porque o poder económico americano é muito espalhafatoso"; "A mentalidade americana é uma mentalidade de "Cow-boy". Quando são atacados reagem de uma maneira extrema. Se conseguires irritá-la, a América vai reagir como um vulgar "cow-boy". Depois, fará de ti um símbolo, o que satisfará o desejo ardente dos muçulmanos de terem a chefiá-los alguém capaz de desafiar o Ocidente"
O certo é que desde o 11 de Setembro, a Al-Qaeda já perpetrou 21 atentados contra o ocidente e os seus aliados. Destaco os de 11 de Março de 2004 em Madrid que tirou a vida a 191 pessoas e o de 7 de Julho de 2005 que vitimou 56 vidas no coração de Londres. Ainda, no passado dia 9 de Agosto, um atentado em Londres foi interceptado pelas autoridades britânicas. Será que este terrorismo vai continuar? E o qual tem sido a resposta dos países do Ocidente? A Guerra do Iraque (2003), o anúncio dos estados-párias foram enumerados pelo Presidente norte-americano, o intensificar dos conflitos israelo-palentianos e a guerra no Líbano (2006). No programa "Prós e Contras" da RTP1, um jurista islâmico referiu um facto que merece ser pensado: é bem possível ser-se ocidental como modo de vida e muçulmano como religião. Há que haver um equilíbrio ("Balance of Power") entre os diferentes agentes das Relações Internacionais.
Como politólogo, na área das Relações Internacionais, não posso deixar de ficar preocupado com o que se está a passar neste nosso mundo. Muito se tem falado em globalização, mas alguém sabe defini-la? É quase tão complexa como definir o conceito de cultura: sabemos o que versa, mas nunca sabemos o que é ao certo. Há vários tipos de globalização. A mais contestável é a globalização económica: os EUA têm o controlo da economia mundial, controla o FMI e é uma superpotência económica. Não estranha que o maior ataque tenha sido no seio da economia norte-americana.
Outro tipo de globalização é a política. O Estado-nação é um conceito em declínio: "especialistas em Relações Internacionais comparam a relação entre Estados a bolas de bilhar numa mesa. São duras e repelem-se umas às outras quando chocam entre si. Mas enquanto é fácil entrar em choque com outro Estado é difícil de entrar em choque com uma rede que é composta de uma cacofonia de vozes diferentes. A vantagem de uma rede – ou de um clube – é que não tem um núcleo duro como uma bola de bilhar; por isso, quando se tenta equilibrá-la, é-se frequentemente sugado num processo de comprometimento com os seus diferentes membros".
Um terceiros e último tipo de globalização é aquele que normalmente se conecta com este conceito: as redes de informação em massa, a aldeia global. Hoje em dia um facto histórico pode ser relatado ao segundo. Desde 1991, com a guerra no Koweit temos visto as guerras em directos através das televisões, das rádios e da internet.
Mas como tudo na vida, também há aspectos menos bons na globalização: imperialismo económico, hegemonia política e a ideologia revolucionária religiosa. E a nível da comunicação é preciso ter cuidado com as redes de noticiários oficiosos que circulam mais rapidamente do que os oficiais.
(Fontes: Corrier Internacional, n. 75 , ed. Portuguesa e LEONARD, Mark, Século XXI - A Europa em Mudança, 2005, Editorial Presença)
Concluindo: o futuro será melhor vivido se percebemos e rectificarmos os erros do passado para melhor vivermos no presente. Deixemos, às gerações futuras, o melhor de nós. Façamos a paz. Vivamos a fraternidade e unidade universais para darmos vida à liberdade e igualdade que tanto apregoamos.

LigaCaos

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.09.10

"Em tempos considerada Superliga, a principal Liga do futebol profissional em Portugal foi, há dias, reclassificada como anã pelo organismo que superintende o futebol mundial. Segundo o exemplo da medida tomada pela União Astronómica Internacional em relação a Plutão, o Presidente da FIFA, Joseph Blatter, explicou as razões que levaram à despromoção da I Liga portuguesa: "A Liga Bwin.com é demasiado insignificante para ser considerada uma verdadeira Liga no contexto europeu. Para além disso, efectua uma órbita muito instável em torno da sede da FIFA em Zurique, como demonstraram os casos "Apito Dourado" e "Mateus". Aliás, os três principais clubes portugueses já não vão jogar nesta época na Liga dos Campeões, mas estão apurados para a primeira edição da Liga do Caos da UEFA, com a Juventus e equipes amadoras europeias formadas por funcionários de tribunais civis"
(in "Inimigo Público", nº 154b de Sexta-feira 1 de Setembro de 2006, p. 5)
Nestes últimos dias muitas coisas têm acontecido no panorama futebolístico português. O excerto supracitado, num tom irónico como já é habitual no suplemento do diário Público, mostra bem como está o nosso futebol português. Tenho estado a analisar notícias de jornais, rádio, televisão, internet; conferências de imprensa e entrevistas dos protagonistas deste último caso e só uma palavra me ocorre: CAOS. Não percebo como o futebol de um país que, em quatro anos, somou um segundo lugar num Europeu e um quarto num Mundial, venceu uma Champions League e uma UEFA Cup (e por muito pouco não ganhava outra) se deixa corromper por questiúnculas jurídicas.
Toda a questão reside no facto do Gil Vicente FC ter recorrido aos tribunais civis sem respeitarem as leis da FIFA, e da FPF que preconiza no seu art. 54º.: "o clube que, em violação de jurisdição prevista nos estatutos da FPF, submeta aos tribunais, directamente ou por interposta pessoa, o julgamento de questões estritamente desportivas é punido com suspensão de uma e quatro épocas desportivas e indemnização pelos danos a que der causa, incluindo as despesas judiciais e extrajudiciais" (in "A Bola", 2006.09.02, p.4)
Todavia, em sua defesa, a direcção do Gil Vicente reiterou a sua razão alegando que recorreu aos tribunais civis somente sobre matéria de índole laboral, que não estritamente desportiva e por indicação expressa da Federação Portuguesa de Futebol. No programa "Prós e Contras" da RTP1 na passada 2ª feira, o Dr. Cruz Vilaça, advogado do clube de Barcelos, defendeu que o que move o seu cliente é somente a defesa dos seus direitos constitucionais e que não lhe pode ser imputada a responsabilidade da crise no futebol Português. Será?
Por sua vez, Cunha Leal, o demissionário director executivo da LPFP, numa de muitas e divertidas conferências de imprensa, defendeu que no regulamento de competições da Liga, no seu artigo 63.º, há uma regra que proíbe o recurso aos tribunais civis. Também, a Lei de Bases do Sistema Desportivo determina que o recurso aos tribunais deve ser feito nas instâncias desportivas e que a decisão do Conselho de Justiça da FPF constitui caso julgado desportivo.
Valentim Loureiro, o ainda Presidente da Liga, não saiu imune de culpas. Tomou deliberações com base em supostas decisões judiciais (que nem definitivas eram). A outra parte da questão era o Belenenses. Foi o clube de Belém que recorreu quando achou que o Gil Vicente havia utilizado um jogador indevidamente, facto pelo qual conseguiu permanecer na I Liga e o Beleneneses não. Mas, por suposta magia, o Leixões entrou em jogo para baralhar um caso que por si só já era confuso. Depois de deliberar, o CJ da FPF indeferiu o recurso dos de Matosinhos com o argumento de quem teria poder permanecer eram os clubes que tinham sido relegados à II Liga, ou seja, Guimarães, Rio Ave e Penafiel.
Concluindo: o futebol continua a ser controlado por interesses. Não sei se é o "Sistema" do antigo presidente do SCP, se é o "Polvo" do actual presidente do SLB. O que se sei é que vivo num país de dirigentes que se querem servir do divertimento do portugueses. Já na Roma antiga, o pão e os jogos de circo serviam para as gentes se divertirem enquanto os imperadores e suas cortes fizessem o que quisessem. Enquanto se fala de futebol não se fala dos reais problemas de todos nós. Não há quem resolva isso?

Líbano: "Guerra-quente"?

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.09.03

Neste verão, entraram, pelas nossas casas, imagens, em directo, de uma guerra, no mediterrâneo oriental. Será que foi só uma resposta ao aprisionamento de dois soldados israelitas? Não, esta foi somente a causa precipitante. Então, dissequemos como tudo surgiu.
Em 2003, o Irão ofereceu-se para negociar todas as questões pendentes com os EUA, incluindo a questão nuclear e uma solução para o conflito Israelo-Palestiano. A oferta foi feita pelo moderado governo de Khatami com o apoio do "supremo líder", linha dura do Ayatollah Khamenei. A resposta da administração Bush, como já se devia prever, foi censurar o diplomata suíço que transmitiu a oferta.
Em Junho de 2006, o Ayatollah Khamenei emitiu uma declaração oficial afirmando que o Irão concordava com os países árabes sobre a questão da Palestina, o que significava a aceitação do apelo de 2002, da Liga Árabe, para a plena normalização de relações com Israel num acordo dos dois estados com o consenso internacional. A OLP, naturalmente, apoiou oficialmente uma solução destes dois países durante muitos anos, e apoiou a proposta de 2002 da Liga Árabe. Até o Hamas indicou a sua disposição de negociar este acordo.
Todavia, os EUA e Israel continuam a não assumir como real os avanços dos países árabes. Nunca quiseram perceber que o Irão parecia ser o único país a ter aceite a proposta do director da AIEA, de que todas os materiais fósseis utilizáveis em armas fossem colocados sob controle internacional, um passo rumo a um Tratado de Eliminação de Materiais Fósseis (Fissile Materials Cutoff Treaty, FMCT) verificável. A proposta de ElBaradei, se fosse aplicada não só finalizaria a crise nuclear iraniana, como também, trataria de uma crise muitíssimo mais séria. A crescente ameaça de guerra nuclear levou a que eminentes analistas e politólogos advertissem do apocalipse que estava para acontecer em breve se as políticas continuarem naquele curso.
Ainda assim, os EUA continuavam a opor-se, fortemente, ao FMCT verificável, mesmo assim apesar do querer americano, o tratado foi a votos na Nações Unidas, onde foi aprovado com 147 votos contra 1, com duas abstenções: Israel, porque não se podia opor ao seu patrão, e mais curiosamente a Inglaterra de Blair, à qual detém um grau de soberania. Mais uma vez se percebe que as Nações Unidas têm que ser reformuladas, sob pena de continuarem a serem completamente marginalizadas no mosaico das Relações Internacionais.
Depois de ter feito um percurso histórico para contextualizar, agora pretendo aprofundar este conflito. O sargento Gilad Shalit foi capturado, provocando ondas de consternação por todo o mundo, uma escalada aguda nos ataques israelitas em Gaza, no pressuposto de que a tomada de um soldado é um crime grave pelo qual a população deve ser punida. Em 24 de Julho, forças israelitas raptaram dois civis de Gaza, Osama e Mustafa Muamar, o que, de acordo com todos os critérios, é um crime mais grave do que aprisionamento de um soldado. Os raptores dos Muamar chegaram ao conhecimento dos principais Órgãos de Comunicação Social (OCS) do mundo. Foi relatado, de imediato, na imprensa israelita de língua inglesa, numa nota de imprensa das IDF (Israel Defense Forces). E daí à guerra foi um passo rápido. Durante um mês, cidades foram saqueadas, civis ficaram sem tecto e até sem vida. Depois do cessar-fogo, a meados de Agosto, agora esperamos que quem fez a guerra arranje maneira de restabelecer a paz àquela região tão martirizada ao longo dos séculos. EUA e Israel, assumam a reconstrução. Não continuem a tirar areia aos olhos da opinião pública. Conquistar o Líbano para chegar ao Irão foi um golpe baixo. Conhecem o termo "Diplomacia"?
Concluindo: é extremamente perigoso que, no caldeirão de animosidades a que chamamos Médio Oriente, um país se tenha armado, ostensivamente, com acumulação de armas nucleares, e que inspire outros países a fazerem o mesmo. Pena é que quem morre são sempre os mesmos: os civis. Chamam-lhes "danos colaterais". E eu questiono: se mandassem os filhos dos líderes demagogos, que governam o nosso mundo, para o teatro de batalha, depois veríamos o que seria colateral no meio daquilo tudo... Haja decência!