domingo, 27 de maio de 2007

Religiosos: garantia da Fraternidade Universal

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2007.05.27

A "Comunhão"

é realmente a Boa Nova,

o remédio que Deus nos doou

contra a solidão que hoje ameaça a todos.

É a dádiva preciosa

através da qual sentimos

acolhidos e amados por Deus

e inseridos na unidade do seu povo

reunido em nome da Trindade.

É a luz que resplandece na Igreja

como sinal entre os povos

e uma maravilhosa criação de amor,

que aproxima Cristo de cada homem e de cada mulher

que deseja realmente encontrá-Lo,

até o final dos tempos.

Bento XVI

De entre as novas correntes espirituais, suscitadas pelo Espírito Santo, para tornar resplandecente a comunhão na Igreja, é-nos dada a espiritualidade da Unidade ou de comunhão, típica do Movimento dos Focolares (MdF). É uma espiritualidade comunitária, originada pelo amor recíproco que tem por modelo a medida do amor de Jesus, descrito pelo Seu “Mandamento Novo”. É um amor que leva espontaneamente à doação total da comunhão dos bens espirituais e materiais suscitando um novo estilo de vida que tem a característica da reciprocidade. Uma reciprocidade que gera a presença espiritual de Jesus: "quando dois ou mais se reunirem em Seu nome” (cf Mt 18,20). Este amor recíproco torna possível experimentar os dons do Espírito Santo: alegria, paz, coragem, força, luz, amor.

Esta é uma espiritualidade que enriquece a vida de pessoas de todas as idades, categorias sociais e vocações, de pessoas chamadas à vida consagrada ou ao serviço pastoral do povo de Deus, como bispos e sacerdotes. Os religiosos e as religiosas, através da Espiritualidade da Unidade, compreendem melhor os seus próprios fundamentos, redescobrem os estatutos, alimentam uma profunda unidade com os superiores e realizam uma renovação na vida da comunidade e na actuação da sua missão específica. Os sacerdotes, estando em unidade com o bispo, experimentam a realidade de uma família espiritual, com grandes frutos para todo o ministério. Este estilo de vida suscita vocações e ajuda os seminaristas a tornarem-se centros de irradiação. Também os bispos, católicos e de outras Igrejas, participam desta espiritualidade evangélica. Igreja comunhão. Através do testemunho e do serviço pastoral dos bispos, sacerdotes e religiosos, florescem comunidades vivas nas quais resplandece a Igreja-Comunhão. Realiza-se, portanto, entre esses Institutos Religiosos, o clero diocesano e os leigos, aquela comunhão almejada desde sempre.

No final dos anos 70 surge o Movimento dos jovens religiosos e religiosas, com o nome de Gen-Re (Geração Nova de Religiosos e Religiosas). São jovens que trazem dentro de si o entusiasmo pela própria geração, assumem com firmeza a vocação religiosa e sentem o desejo de exprimir os carismas dos seus Fundadores e Fundadoras na realidade actual da Igreja e da humanidade, para ser, em cada ambiente, construtores de fraternidade. Chiara Lubich, fundadora do MdF, reconhece imediatamente neste Movimento juvenil uma grande potencialidade para a renovação da vida religiosa: «Se vocês soubessem quem são! Vocês são o Ideal das vossas Ordens!». E explica o relacionamento entre as gerações partindo do modelo trinitário: «O relacionamento que existe entre a segunda e a primeira geração é o mesmo que existe entre o Filho e o Pai na Santíssima Trindade. Vocês têm graças, têm uma luz que a primeira geração não tem e que precisa rever em vocês. Vocês são a beleza da Ordem: são como o Filho, que é o esplendor do Pai».

(Fonte: http://www.focolare.org )

Conclusão: também religiosos vivem este carisma da Unidade. Exorto todos a viverem pela Unidade.

domingo, 20 de maio de 2007

Cidadela – Protótipo do Paraíso na Terra

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2007.05.20

Construir uma cidade que concretize o próprio pensamento:

Eis o sonho de muitos pensadores e homens de acção

Portadores duma forte filosofia ou de uma rica espiritualidade.

Também é um sonho de Chiara Lubich.

Que, com o passar dos anos, está se tornando uma realidade.

A Cidadela Arco-Íris, situada em Portugal, é uma das 35 Cidadelas espalhadas nos cinco continentes. As “Cidadelas” são uma das mais típicas realizações do Movimento dos Focolares (MdF). Podem ser definidas como um esboço duma sociedade nova – com casas, lojas, locais para encontros, oficinas de arte, ateliers, pequenas empresas que possibilitam o sustento dos habitantes, com igrejas, escolas de vida e de espiritualidade – cuja lei é o Amor Recíproco, proposto pelo Evangelho.

Cada uma tem uma característica própria, consoante o ambiente onde está inserida:

Loppiano (na região de Florença), em Itália, é a primeira Cidadela. Surgiu em 1965, e actualmente conta com 900 habitantes de 70 países. Tem, como característica, a sua dimensão internacional;

v Em África, as Cidadelas na República dos Camarões, no Quénia, e na Costa do Marfim, caracterizam-se pela inculturação do Evangelho nas sociedades africanas;

v Na América Latina, as Cidadelas do Brasil e da Argentina são pioneiras na construção de empresas do Projecto de “Economia de Comunhão";

v Na Ásia, a Cidadela de Tagaytay, nas Filipinas é caracterizada pelo diálogo com as grandes religiões orientais;

v Na Alemanha, a Cidadela em Ottmaring, é ecuménica: ali convivem luteranos e católicos;

v Nos arredores de Nova Iorque, a Mariápolis Luminosa é uma Cidadela onde se promove o diálogo entre etnias e culturas diferentes;

v A Cidadela Arco-Íris, situada em Abrigada, a 45 km de Lisboa, existe desde 1997. A sua construção está a concretizar-se, progressivamente, graças ao esforço e à generosidade de muitas pessoas. Desde o seu início, contou com o apoio e o incentivo por parte da Igreja e das autoridades locais, tendo sido considerada, pela Câmara Municipal de Alenquer, um projecto de “interesse público”.

Além de ser um espaço privilegiado para o diálogo com pessoas de outras convicções e culturas, é também um ponto de atracção para os jovens. Apresenta-se como um esboço de um mundo novo, alicerçado nos valores fundamentais do Homem. O seu objectivo é mostrar que é possível uma convivência pacífica e fraterna entre pessoas das mais variadas idades e condições sociais. A maioria dos seus mais de 40 habitantes – adultos, famílias, jovens, crianças exerce a sua actividade profissional e lectiva nos arredores da Cidadela. Todos procuram pôr em prática a única lei da Cidadela para que o seu objectivo se torne realidade.

(Fonte: http://www.focolare.org ; http://www.focolares.org.pt )

Concluindo: Tive o privilégio de ter feito uma experiência na Cidadela Arco-Íris. Durante dois meses vivi experiências de verdadeiro paraíso nesta terra. A Fraternidade Universal e a Unidade são uma realidade.

domingo, 13 de maio de 2007

Adolescentes : o futuro para a Fraternidade Universal

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2007.05.13

Os gen 3 olham muito alto...

Não contam somente com suas próprias forças

mas com as forças do Céu, de Deus.

Eles aperceberam-se que no mundo,

na história, entre aqueles que mais incidiram profundamente,

estão os santos: eles arrastaram as multidões,

levaram muitas pessoas a Deus, mudaram socialmente o mundo.

Então, o que os gen 3 decidiram fazer.

Querem se tornar – e não se admirem – uma geração de santos”.

Chiara Lubich


Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares (MdF) definiu a terceira geração do MdF, Movimento Gen3 (Gen3), em 1992, falando a todos os jovens por satélite, durante o Super congresso mundial dos Gen3.

Um projecto ousado, uma aventura que brotou do Evangelho vivido e que se realiza nas escolhas quotidianas que, muitas vezes, requerem a coragem de ir contra a corrente do mundo. Desde 1970, ano que se assinala o nascimento do dos Gen 3, rapazes e meninas dos 9 aos 17 anos, de povos, etnias e culturas diferentes, acolheram com entusiasmo o ideal da unidade. O objectivo é levar uma revolução de amor ao mundo inteiro, sobretudo entre os adolescentes, realizando desta forma o testamento de Jesus: “Que todos sejam um”.

Levando em conta a irresistível força do amor, empenham-se firmemente em construir a unidade em casa, na escola, no desporto, com os amigos. E justamente porque agem com simplicidade e de imediato, características próprias das suas idades, conseguem obter aquilo que para os adultos pareceria um ‘milagre’: pais que se reencontram em os seus relacionamentos, amigos que saem dos seus isolamentos, adultos que retornam o relacionamento com Deus, todos tocados pela convicção, pelo gesto de uma criança.

Desta forma, em redor dos Gen3, surge um grande número de adolescentes que, com o desejo de compartilhar o mesmo estilo de vida, constituem o Movimento Juvenil pela Unidade (MjU). Juntos, percorrem os vários caminhos a que chamam “trilhos” e que se traduzem em iniciativas locais e mundiais para se construir o mundo unido.

v Os adolescentes, que aderem ao MjU, são provenientes de etnias e culturas variadas, pertencem a várias Igrejas, e também a religiões não cristãs ou a culturas que não professam nenhuma fé religiosa. São 150 mil, presentes em 182 países.

v Acreditam que somente o amor pode transformar o mundo. Desejam que o convite de Jesus “Amai-vos como Eu vos amei” se torne uma realidade entre todos os homens desta terra.

v Têm como objectivo a fraternidade universal, começando pelas suas próprias cidades e nos ambientes que vivem. Percorrem todos os caminhos possíveis para derrubar as barreiras e das divisões, convictos de que a humanidade será uma grande família.

v Colocam em prática a Regra de Ouro: “Não faças aos outros aquilo que não gostaria que fosse feito a si próprio”, a qual está presente nos livros sagrados das principais religiões do mundo. É um convite a amar a todos, por primeiro. Experimentam que vivendo, podem contribuir para a realização de um mundo unido.

v Vivem e difundem uma cultura nova, aquela cultura do dar e da partilha. Colocam em prática uma comunhão de bens mundial na qual, como numa grande família planetária, quem tem a mais coloca em comum com aquele que passa necessidades.

Têm Iniciativas tais como:

v Trilhos pela unidade: os adolescentes organizam encontros, jornadas e assembleias nas escolas para apresentarem o seu estilo de vida; usam como meios de divulgação os conjuntos musicais, canções, representações artísticas para comunicar mensagens de paz e de unidade; organizam competições desportivas, jogos e actividades recreativas que, além de manterem a actividade física, servem também para construir novos relacionamentos; motivam acções ecológicas, caminhadas pela paz, são protagonistas de acções locais e mundiais para realizá-las.

v Projectos de partilha: sustentam 30 micro realizações em prol dos adolescentes mais pobres que vivem em países em guerra (em 27 países).

v Schoolmates: uma rede que se formou entre as escolas desde 2002. Através de um site na Internet, turmas de vários países correspondem-se e compartilham a cultura, tradições e iniciativas para construir o mundo unido. Através de um fundo de solidariedade, as turmas que sustentam bolsas de estudo

v Supercongressos, encontros internacionais que se realizam de 5 em 5 anos, onde se reúnem adolescentes do mundo inteiro; em 2002 eram 9 mil de 93 países. Juntos, querem ser uma resposta à difícil situação mundial, favorecendo o encontro de culturas e religiões diferentes e comunicando a ideia do mundo unido, tornando dessa forma visível algumas de suas realizações.

(Fonte: http://www.focolare.org ; www.school-mates.org ; http://www.teens4unity.net )

Concluindo: os adolescentes também querem mudar o mundo. Com a sua simplicidade querem fazer ver aos adultos que a Unidade é uma realidade.

Senhor Santo Cristo: Ecce Homo

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2007.05.12

Neste fim-de-semana, na cidade de Ponta Delgada, estão a decorrer as grandes festividades em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Milhares de emigrantes vêem prestar homenagem Àquele que outrora nos defendia das “bravuras da natureza”.

Como tudo começou? No Convento da Caloura, em Água de Pau, começa a história do culto ao Senhor Santo Cristo dos Milagres. Reza a tradição que foi neste lugar que se ergueu o primeiro Convento de Religiosas. Para tal foi necessário que alguém fosse a Roma impetrar a respectiva Bula Apostólica. Foram, por isso, de S. Miguel a caminho da Cidade Eterna, duas religiosas para solicitar, ao Papa, o desejado documento. O Sumo Pontífice não só lhes passou a ambicionada Bula como ainda lhes ofereceu uma Imagem do Ecce Homo. Porque o lugar era ermo e muito exposto às incursões de corsários, o pequeno Mosteiro ficou deserto, porque parte das religiosas seguiu para Santo André, em Vila Franca do Campo, e a outra parte encaminhou-se para Ponta Delgada, para o Mosteiro da Esperança.

No ano de 1700, a Ilha de S. Miguel foi abalada por fortes e repetidos terramotos. Duravam já vários dias quando a Mesa da Misericórdia e grande parte da nobreza da cidade, vendo que os terramotos não cessavam, resolveram ir à portaria do Mosteiro da Esperança para levarem em procissão a Imagem do Santo Cristo. Ao princípio da tarde deste dia 13 de Abril de 1700, juntaram-se as confrarias e comunidades religiosas. Concorreu igualmente toda a nobreza e inumerável multidão que, com viva fé, confiava se aplacaria a indignação divina com vista da santa Imagem. Caminhava já a procissão em que todos iam descalços; e logo que a veneranda Imagem se deixou ver na portaria, foi tão grande a comoção em todos que a traduziram em lágrimas e suspiros, testemunhos irrefragáveis da contrição dos corações.

Verificaram, então, que a santa Imagem não experimentara com a queda dano considerável, pois somente se observou no braço direito uma contusão. A Imagem foi lavada e limpa no Convento de Santo André e, colocada outra vez no andor com a maior segurança, continuou a procissão, na qual as lágrimas e soluços do povo aflito embargavam as preces, até que, bem de noite, se recolheu no Mosteiro da Esperança.

Amanhã realiza-se a maior procissão e maior devoção que há em terras portuguesas. No coração de cada açoriano, disperso pelo mundo, há um altar de culto eterno ao Senhor Santo Cristo, onde as suas preces mantêm permanentemente acesas místicas velas de imperecível devoção e saudade. Daí a presença de milhares de açorianos que vêm participar, todos os anos, de Portugal, dos Estados Unidos da América, do Canadá e, naturalmente, das outras ilhas, nas grandes festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, numa autêntica e profunda manifestação de fé e devoção. Semanas antes da procissão, o mosteiro da Esperança e a praça 5 de Outubro são preparados e enfeitados festivamente com milhares de lâmpadas multicores, mastros e bandeiras, flores de todas as espécies e cores que conferem ao recinto um deslumbrante ar de festa. As festas duram vários dias. Sucedem-se os serviços religiosos e os concertos. Nesta tarde de sábado, há pessoas que andam à volta da praça de joelhos sobre as pedras do pavimento ou, então, carregadas de círios de cera, num agradecimento pela graça recebida do Senhor numa hora de aflição e sofrimento. Depois, no domingo, milhares de pessoas incorporam-se na procissão. A abrir, o guião, com a coroa de espinhos dourada, depois duas longas filas de homens com opas, muitos com grossos círios votivos, outros descalços, no cumprimento de promessas, interrompidos por grupos de filarmónicas. Seguem-se associações juvenis transportando guiões de cores garridas, crianças vestidas de anjos, alunos do seminário, o clero micaelense e alguns sacerdotes convidados, todos eles a precederem a venerando imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres, transportada sob um docel de veludo e ouro, num trono de lindíssimas flores de seda e pano, tecidas no século XVIII. Após a veneranda imagem, seguem-se os dignatários da Igreja Católica, representantes das congregações religiosas sediadas em S. Miguel e muitos milhares de senhoras, no cumprimento de promessas. A fechar o extenso cortejo, seguem-se as mais altas autoridades militares e civis, representações e associações sociais e desportivas. A grande procissão recolhe, já quase de noite, após cinco horas de circulação pelas principais ruas de Ponta Delgada. O corpo principal do tesouro do Senhor Santo Cristo dos Milagres é constituído pelas seguintes jóias: o Resplendor, a Coroa, o Relicário, o Ceptro e as Cordas.

(Fonte: http://www.terra-mar.org/santocristo ; http://www.acores.net/santocristo)

Concluindo: desejo que nestas festividades haja civismo. Há muito o paganismo sobrepôs-se à origem religiosa destas festividades. Envio um abraço caloroso a todos os emigrantes que nestes dias nos visitam.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

9 de Maio: Europa mais próxima do cidadão

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, HOJE DIA DA EUROPA

Quantos cidadãos europeus sabem que a 9 de Maio de 1950 nasceu o que hoje chamamos de Europa comunitária? A 10 de Junho comemoráramos o dia de Portugal, Camões e as Comunidades Portuguesas. Hoje comemoramos o dia da Europa.

Como surgiu este dia? Numa altura em que a perspectiva de uma terceira guerra mundial angustiava toda a Europa, em Paris, a imprensa foi convocada para as dezoito horas, do dia 9 de Maio, no Salon de l'Horloge do Quai d'Orsay, quartel-general do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, para uma "comunicação da maior importância". As primeiras linhas, da declaração de 9 de Maio, dão a ideia da ambição da proposta: "A paz mundial não poderá ser salvaguardada sem uma criatividade à medida dos perigos que a ameaçam". (…) Através da colocação em comum de produções de base e da instituição de uma Alta Autoridade nova, cujas decisões ligarão a França, a Alemanha e os países que a ela aderirem, esta proposta constituirá a primeira base concreta de uma federação europeia, indispensável à preservação da paz".

Era assim proposta a criação de uma instituição europeia supranacional, incumbida de gerir as matérias-primas, que nesta altura constituíam a base do poderio militar: o carvão e o aço. Este facto levou os Chefes de Estado e de Governo, na Cimeira de Milão de 1985, a decidirem celebrar o 9 de Maio como "Dia da Europa".

Os diversos países, ao decidirem democraticamente aderir à União Europeia, adoptam os valores da paz e da solidariedade, pedra angular do edifício comunitário. Estes valores concretizam-se no desenvolvimento económico e social e no equilíbrio ambiental e regional, únicos garantes de uma repartição equilibrada do bem-estar entre os cidadãos.

A integração da Europa não se constrói num único dia. A construção iniciada imediatamente a seguir à II Guerra Mundial foi inovadora. O que nos séculos ou milénios precedentes podia assemelhar-se a uma tentativa de união, foi na realidade o fruto de uma vitória de uns sobre os outros. Estas construções não podiam durar, pois os vencidos só tinham uma aspiração: recuperar a sua autonomia. Hoje ambicionamos algo completamente diferente: construir uma Europa que respeite a liberdade e a identidade de cada um dos povos que a compõem. A União Europeia está atenta aos desejos dos cidadãos e coloca-se ao seu serviço. Conservando a sua especificidade, os seus hábitos e a sua língua, todos os cidadãos se devem sentir em casa na "pátria europeia", onde podem circular livremente.

Todavia há alguns problemas que a União Europeia tem: O Tratado Constitucional está encravado por causa de egoísmos nacionais dos franceses e dos holandeses; o possível alargamento à Turquia está a levantar muitos problemas na “Europa central e continental”. Há quem fale em “choque de civilizações”. Eu prefiro ir ao cerne da questão e dizer que o problema é o poder negocial e financeiro que a “Europa Central e Continental” não quer jamais entregar a uma “Turquia mais asiática do que europeia”.

E aqui nos Açores a União Europeia é encarada como um eterno pote de ouro. Mas não! Primeiro, com o fim do QREN (2007-2013) acabarão os subsídios para os Açores saírem de região “objectivo 1”. (Até lá peço aos nossos governantes que consigam aproveitar os euros que a U.E. nos tem dado). Segundo, a U.E. é uma produtora de legislação (que depois é incorporada no sistema jurídico nacional) em série. Tudo é legislado. Até o tamanho do parafuso do carrinho do bebé é regulamentado. E nós sabemos que quando a U.E. legisla nem sempre olha para as especificidades de todos os países!!!

(Fonte: http://europa.eu)

Concluindo: Espero que a U.E. continue a pôr os interesses dos cidadãos comunitários à frente de interesses instalados. Luto sempre por mais justiça social nesta União Europeia. Parabéns a todos nós, cidadãos desta União Europeia!

domingo, 6 de maio de 2007

Os jovens também podem ser Santos

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2007.05.06

Hoje, no início deste mês de Maio, regozijo-me em partilhar dois casos paradigmáticos de como se pode santo, ainda jovem: o primeiro é o exemplo de vida de Chiara Luce Badano; e, por último, o projecto de santidade colectiva de Carlo e Alberto.

Chiara Luce Badano, nas suas memórias escreveu: "Redescobri o Evangelho sob uma nova luz. Entendi que eu não era uma cristã autêntica, porque não o vivia até às últimas consequências. Agora quero fazer deste magnífico livro o único objectivo da minha vida. Não quero e não posso permanecer analfabeta em relação a uma mensagem tão extraordinária. Assim, como para mim é fácil aprender o alfabeto, também deve ser fácil viver o Evangelho".

O testemunho de Chiara Luce Badano é significativo principalmente para os jovens. Basta considerar como ela viveu a doença e ver a repercussão que a sua morte teve. Não era possível deixar um exemplo como este cair no vazio. A santidade é necessária também hoje. É preciso ajudar a encontrar uma orientação, um objectivo para a vida, ajudar os jovens a superarem as suas inseguranças, sua solidão, seus enigmas diante dos insucessos, das dores, da morte. Os discursos teóricos não conquistam mais os jovens, é necessário o testemunho. Nas conversas notava-se uma maturidade muito superior à dos jovens da sua idade. Ela tinha compreendido o essencial do cristianismo: Deus em primeiro lugar; Jesus, com quem tinha um relacionamento espontâneo, fraterno; Maria como exemplo; o amor como núcleo do cristianismo; a responsabilidade de anunciar o Evangelho. Tudo isto, provado pela experiência do sofrimento e da morte, não temida mas esperada, fez com que sua aventura se tornasse realmente singular. A seu propósito Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, escreveu: "Chiara Luce! Quanta luz se lê no seu rosto, quanta luz nas suas palavras, nas suas cartas, na sua vida totalmente projectada em amar concretamente!... A sua foi uma escolha radical de Jesus crucificado e abandonado; escolha daquilo que faz mal, e que, se não se ama, pode arrastar o espírito para um túnel escuro. Viveu com Ele, com Ele transformou a sua paixão em uma canto de núpcias".

O segundo exemplo de santidade que quero partilhar é o projecto de santidade colectiva de Carlo e Alberto. Sobre este caso raro de santidade, “O mergulho em Deus: os 40 dias de Carlo e Alberto”, no livro de Michele Zanchucchi, Director da revista Città Nuova de Itália, desenvolve uma narração da história de Carlo e Alberto, que cultivaram uma amizade esplêndida, aberta e alimentada por um objectivo em comum: levar a todos o dom do ideal evangélico que os havia fascinado. A vida desses dois jovens foi truncada prematuramente. Alberto, estudante de engenharia, inteligente, amante de desporto, apaixonado pelas montanhas, durante uma escalada, cai; Carlo, estudante de agronomia, enquanto está a prestar o serviço militar, é-lhe diagnosticado um cancro, dos mais malignos. A vida dos dois jovens tinha alcançado a plenitude pensada por Deus ao criá-los, até o ponto de irradiar uma beleza exemplar. O desejo deles era colocar Deus no centro da própria vida. O ter muito em comum e a amizade deles tinha, portanto, raízes profundas. Poder enfrentar juntos problemas e dificuldades do dia-a-dia, ajudava-os a viver os momentos difíceis e a superar a tentação de parar e de desistir. Muitas vezes recomeçaram, muitas vezes experimentaram que a vida neles e ao redor deles renascia. Também hoje, à distância de anos, o sue exemplo elucida. “Alberto e Carlo – dizem aqueles que os conheceram – são como duas contas bancárias sempre abertas e que continuam a render!”.

(Fonte: http://www.focolare.org)

Concluindo: ser Santo não é uma utopia. O exemplo de vida destes três jovens, que têm os processos de beatificação a decorrer no Vaticano, é bem elucidativo que é possível perpetuar as boas acções para que também outros os possam seguir.