domingo, 27 de abril de 2008

União Europeia: um projecto para a Fraternidade Universal (III)

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2008.04.27

Hoje vou continuar a dar a conhecer as questões relativas à funcionalidade das instituições da União Europeia (U.E.). Cumpre incidir, mais especificamente, na Política de Desenvolvimento Rural 2007-2013, no que à qualidade diz respeito.
Mas o que se entende por qualidade? De alguns anos a esta parte, as escolhas dos consumidores europeus tendem a orientar-se para alimentos mais sãos, mais nutritivos, mais saborosos e produzidos segundo métodos mais respeitadores do ambiente, isto é, o fio condutor desta evolução é a qualidade.
Quando procuram alimentos de qualidade, os consumidores preocupam-se com aspectos concretos como a segurança e a higiene, mas também cada vez mais com características mais abstractas relacionadas com a tradição, o bem-estar animal e o ambiente, que acrescentam valor ao produto.
A segurança e a higiene são, sem dúvida alguma, os aspectos fundamentais da qualidade dos alimentos. Os consumidores devem poder fazer as suas compras confiantes de que os produtos que compram são seguros. É por este motivo que a União Europeia tem das normas mais rigorosas do mundo, aplicáveis tanto aos produtos produzidos no seu território como aos importados, e que não são negociáveis. Os agricultores europeus têm também de respeitar normas jurídicas em matéria de ambiente e de bem-estar dos animais, que, para além de incidirem nas características dos produtos, se prendem com a protecção dos recursos naturais ou com exigências de ordem ética.
Certos produtos apresentam um valor acrescentado decorrente do facto de serem produzidos numa região ou segundo um método tradicional determinados (rótulos de qualidade) ou de os seus métodos de produção respeitarem o ambiente e o bem-estar dos animais (nomeadamente a agricultura biológica).
Legislação: O esforço legislativo da Comunidade neste domínio é considerável, embora seja exercido a níveis muito diferentes, consoante a natureza e a prioridade das questões. Em matéria de segurança dos alimentos, esse esforço começou nos anos 60 e acentuou-se nos anos 90, com o advento do mercado único. A partir de 1994, foi dedicada uma atenção particular à luta contra doenças animais como a encefalopatia espongiforme bovina (BSE). As reformas da PAC de 1992 e 1999 colocaram a ênfase nas medidas agro-ambientais e nas ajudas à extensificação. Em 1992, foram igualmente criados rótulos de qualidade europeus.
A ecocondicionalidade, princípio segundo o qual, para beneficiarem dos subsídios agrícolas da União Europeia, os agricultores devem respeitar as regras da União Europeia em matéria de ambiente, segurança dos alimentos, fitossanidade e saúde e bem-estar dos animais, foi igualmente um aspecto fundamental da reforma da PAC de 2003.
A legislação comunitária não pode nem deve substituir-se completamente à legislação dos Estados-Membros e tentar cobrir todos os aspectos da qualidade: trata-se, antes, de trabalhar em conjunto na prossecução de uma política de incentivo e de promoção da qualidade na agricultura europeia.
Um controlo reforçado para melhor proteger os consumidores: A União Europeia elaborou um importante conjunto de textos legislativos relativos à segurança dos alimentos, à saúde a ao bem-estar dos animais e à fitossanidade, com carácter vinculativo em todos os Estados-Membros da União Europeia e parcialmente aplicável aos países terceiros que exportam animais, produtos de origem animal, plantas e produtos de origem vegetal para o seu território.
A responsabilidade primeira pelo garante da aplicação desta legislação cabe aos 27 Estados-Membros. Não obstante, a Comissão partilha essa responsabilidade, velando pela aplicação da legislação comunitária nos Estados-Membros. Essa missão é actualmente desempenhada pelo Serviço Alimentar e Veterinário, criado em Abril de 1997. Este serviço procede a inspecções e controlos no local em matéria de segurança alimentar, nos Estados-Membros e em países terceiros que exportam para a União Europeia, apresentando relatórios sobre os respectivos resultados e recomendações dirigidas às autoridades nacionais e comunitárias, bem como ao público em geral no seu sítio Web.
Criada em 2002 com sede em Parma, a Autoridade Europeia para a Segurança Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentares (AESA) emite pareceres científicos independentes sobre todas as matérias relacionadas com os alimentos e a segurança alimentar, incluindo a saúde e bem-estar dos animais, a fitossanidade e os OGM. Além disso, emite pareceres científicos sobre nutrição em domínios abrangidos pela legislação comunitária. A autoridade mantém com o público uma comunicação aberta e transparente sobre todas as matérias da sua competência.

Concluindo: As avaliações de risco realizadas pela AESA proporcionam aos decisores uma base científica sólida para definirem as políticas e a legislação necessária a fim de garantir um elevado nível de protecção dos consumidores no que respeita à segurança dos alimentos.

União Europeia: um projecto para a Fraternidade Universal (II)

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2008.04.20

Hoje vou continuar a dar a conhecer as questões relativas à funcionalidade das instituições da União Europeia (U.E.). Cumpre incidir, mais especificamente, na Política de Desenvolvimento Rural 2007-2013.
Quais são as nossas expectativas em relação ao sector agrícola e aos alimentos que consumimos? Como pode a UE contribuir para uma maior sustentabilidade económica, ambiental e social da agricultura? O que se entende por qualidade neste contexto e de que forma é que essa qualidade se relaciona com o preço?
De acordo com uma recente sondagem da Comissão Europeia, os cidadãos da UE consideram que as prioridades da Política Agrícola Comum (PAC) devem ser:
fornecer alimentos saudáveis e seguros,
proporcionar um nível de vida justo aos agricultores,
promover o respeito do ambiente,
zelar por um tratamento correcto dos animais,
ajudar os agricultores a adaptarem-se às expectativas dos consumidores,
assegurar preços razoáveis para os consumidores,
reforçar o crescimento e aumentar o emprego nas zonas rurais.
Assim, o principal objectivo da PAC é promover a qualidade e a segurança e garantir um sector agrícola em sintonia com o ambiente e o bem-estar dos animais. No futuro, o sector agro-alimentar deverá ser ainda mais sustentável.
Rumo a uma produção agrícola mais sustentável: só uma agricultura sustentável permitirá às gerações futuras desfrutar do património ambiental e dos recursos naturais únicos da Europa, tal como hoje o fazemos. Mas o que se entende exactamente por agricultura sustentável? A futura agricultura europeia deve ser económica, socialmente e ambientalmente sustentável. Por outras palavras, é necessário criar um sector agrícola europeu competitivo e orientado para o mercado, que melhore o nível de vida e as oportunidades de emprego nas zonas rurais, respeite as boas práticas ambientais e contribua para a manutenção dos habitats, da biodiversidade e da paisagem. É evidente que uma agricultura orientada para o mercado deve corresponder à procura dos consumidores, nomeadamente no que se refere à qualidade, segurança e métodos de produção tradicionais/biológicos, de forma a conseguir escoar os seus produtos.
A sustentabilidade ambiental é garantida através de uma série de iniciativas como a ecocondicionalidade, que passou a ser obrigatória com a reforma de 2003. Ao abrigo da Política de Desenvolvimento Rural (PDR), que faz parte integrante da PAC, no período 2007-2013, a UE vai disponibilizar 88,3 mil milhões de euros para projectos de desenvolvimento rural nos 27 Estados-Membros. Pelo menos 25 % deste montante devem ser gastos com projectos de apoio ao ordenamento territorial e de protecção do ambiente.
Acontece, contudo, com frequência que as autoridades nacionais e regionais decidam gastar uma parte maior do seu orçamento em medidas «verdes». A PDR também recompensa os agricultores que prestam mais serviços ambientais do que aqueles que lhes são exigidos por lei. Estas medidas agro-ambientais visam garantir o papel fundamental dos agricultores na vida rural e encorajá-los a intervirem activamente na conservação da biodiversidade e da riqueza do ambiente natural. É conveniente notar que uma agricultura mais respeitadora do ambiente não é sinónimo de retorno a métodos arcaicos. A título de exemplo, a agricultura biológica (que é uma forma de agricultura sustentável) recorre a técnicas fitossanitárias avançadas, embora naturais, para evitar a utilização de pesticidas.

Concluindo: A investigação realizada em centros universitários e institutos agrícolas tem um papel-chave a desempenhar na promoção de técnicas agronómicas inovadoras conformes às normas ambientais, sanitárias e de qualidade.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

União Europeia: um projecto para a Fraternidade Universal (I)

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2008.04.13
Hoje vou começar a dar a conhecer as questões relativas à funcionalidade das instituições da União Europeia (U.E.). Cumpre incidir, mais especificamente, na Política de Desenvolvimento Rural 2007-2013.
Com mais de 60 % da população dos 27 Estados-Membros da UE a viver em zonas rurais (90% do território), o desenvolvimento rural é uma área política de importância vital. A agricultura e a silvicultura continuam a ter uma importância fundamental na utilização das terras e na gestão dos recursos naturais nas zonas rurais da UE e como plataforma para a diversificação económica em comunidades rurais. O reforço da política comunitária de desenvolvimento rural tornou-se assim uma prioridade global da União Europeia.
Desde a reforma da política agrícola comum, o desenvolvimento rural tem vindo a assumir uma importância crescente nas zonas rurais, ajudando-as a enfrentar os desafios económicos, sociais e ambientais do século XXI. As zonas rurais representam 90 % do território da União Europeia depois do alargamento e o novo quadro jurídico estabelece de forma mais decisiva o objectivo do reforço do crescimento e da criação de emprego nas zonas rurais, de acordo com a Estratégia de Lisboa, e de uma maior sustentabilidade, de acordo com os objectivos de Gotemburgo.
A política de desenvolvimento rural centra-se em três instrumentos jurídicos principais: Orientações estratégicas da EU para o desenvolvimento rural, Regulamento do Conselho Europeu relativo ao apoio ao desenvolvimento rural pelo FEADER e Regulamento que estabelece normas de execução..
As orientações estratégicas identificam os domínios importantes para a realização das prioridades da UE e uma série de opções que os Estados-Membros podem utilizar para os seus planos estratégicos nacionais e programas de desenvolvimento rural. Os planos estratégicos nacionais deverão transpor, a nível nacional, as orientações à luz das necessidades identificadas para as respectivas regiões; os programas de desenvolvimento rural executam os planos estratégicos nacionais.
Para cada série de prioridades, as orientações estratégicas da UE sugerem acções essenciais. As estratégias nacionais de desenvolvimento rural dos Estados-Membros assentam em seis orientações estratégicas comunitárias, que contribuirão para:
identificar as áreas em que a utilização do apoio comunitário ao desenvolvimento rural cria mais valor acrescentado ao nível da UE;
estabelecer a ligação com as principais prioridades da UE (Lisboa, Gotemburgo);
assegurar a coerência com outras políticas comunitárias, em particular nos domínios da coesão e do ambiente;
acompanhar a aplicação da nova Política Agrícola Comum (PAC) orientada para o mercado e a necessária reestruturação desta resultante nos antigos e nos novos Estados-Membros.
As seis orientações estratégicas são as seguintes:
Aumento da competitividade da agricultura e silvicultura;
Melhoria do ambiente e da paisagem rural
Melhoria da qualidade de vida nas zonas rurais e promoção da diversificação
Criação de capacidades locais para o emprego e a diversificação
Transposição das prioridades para programas
Complementaridade entre os instrumentos comunitários
(Fonte: http://ec.europa.eu/agriculture )
Concluindo: a Política de Desenvolvimento Rural 2007-2013 centra-se em três áreas correspondentes a três eixos temáticos previstos no novo regulamento do desenvolvimento rural: aumento da competitividade dos sectores agrícola e florestal; ambiente e paisagem rural; melhoria da qualidade de vida nas zonas rurais e promoção da diversificação da economia rural. Um quarto eixo, o chamado "eixo Leader", baseado na experiência adquirida com as Iniciativas Comunitárias Leader, introduz abordagens locais ascendentes do desenvolvimento rural.
O novo período de programação oferece a ocasião única de recentrar o apoio do novo Fundo de Desenvolvimento Rural no crescimento, no emprego e no desenvolvimento sustentável.
O regulamento de execução do FEADER 2007-2013 estabelece normas de execução para a gestão dos programas.
Os planos estratégicos nacionais e os programas de desenvolvimento rural foram apresentados à Comissão Europeia.
Prevê-se que a Comissão aprovará um total de 94 programas de desenvolvimento rural nacionais ou regionais.

“Uma União mais forte para um mundo Melhor” (XXVIII)

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2008.04.06
Hoje vou continuar a dar a conhecer as questões relativas ao Tratado de Lisboa (Tratado Reformador da União Europeia “TRUE”), assinado pelos chefes de Estados da União Europeia, no dia 13 de Dezembro último. Cumpre incidir, mais especificamente, no que concerne à cooperação entre alguns Estados-Membros, bem como ao financiamento da política de defesa.
Cooperação entre alguns Estados-Membros: o Conselho Europeu pode confiar a execução de uma missão militar a um grupo de Estados-Membros que o desejem e disponham das capacidades necessárias para o efeito. Esses Estados-Membros, em associação com a Comissão Europeia, decidirão entre si da gestão da missão. Além disso, e a fim de melhorar e racionalizar as capacidades militares dos Estados-Membros, o TRUE prevê a criação de uma agência europeia no domínio do desenvolvimento das capacidades de defesa, da investigação, da aquisição e dos armamentos. A agência denomina-se "Agência Europeia de Defesa" e não "Agência do Armamento", como havia sido proposto no texto da Convenção. Está sob a autoridade do Conselho de Ministros e aberta a todos os Estados-Membros que nela desejem participar. O estatuto, a sede e as regras de funcionamento da agência serão definidos por uma decisão europeia do Conselho aprovada por maioria qualificada.
Inexistente no Tratado UE, a possibilidade de recorrer a uma cooperação reforçada permanente no domínio da segurança e da defesa é introduzida pelo TRUE. Com efeito, prevê a possibilidade de se instaurar uma cooperação estruturada permanente entre os Estados-Membros que satisfazem os critérios e subscrevem os compromissos em matéria de capacidades militares que figuram num protocolo anexo ao TRUE. Trata-se, inegavelmente, de um progresso importante em relação às disposições actuais do Tratado UE relativas à PESC. Os Estados-Membros que desejem participar devem notificar a sua intenção ao Conselho. No prazo de três meses, uma decisão europeia estabelecerá essa cooperação, bem como, por maioria qualificada, a lista dos Estados-Membros participantes. É possível aderir posteriormente e mesmo abandonar essa cooperação. Além disso, um Estado-Membro pode ser suspenso, se o Conselho decidir que deixou de satisfazer os critérios. À parte a constituição do grupo, o seu alargamento, a sua redução ou a suspensão de um dos seus membros, todas as outras decisões europeias ou as recomendações do Conselho no âmbito dessa cooperação são aprovadas, por unanimidade, pelos Estados participantes.
Financiamento da Política de Defesa: O TRUE mantém a proibição de inscrever no orçamento geral da União as despesas relativas a operações com implicações militares ou no domínio da defesa. Estas despesas permanecem a cargo dos Estados-Membros de acordo com a chave de repartição baseada no produto nacional bruto. Todavia, o TRUE prevê a adopção de uma decisão europeia pelo Conselho que garanta um acesso rápido às dotações orçamentais destinadas ao financiamento urgente de iniciativas relativas às actividades preparatórias das missões de Petersberg.
(Fonte: http://www.ue2007.pt/UE/vPT)
Concluindo: é criado um fundo de arranque constituído pelas contribuições dos Estados-Membros para o financiamento das actividades preparatórias das missões de Petersberg que não são inscritas no orçamento geral da UE. As modalidades de funcionamento do fundo são aprovadas pelo Conselho de Ministros deliberando por maioria qualificada.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Chiara Lubich: Mensageira da Unidade

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2008.03.30

No passado dia 18 deste mês de Março, Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares (MdF) teve a sua derradeira homenagem terrena. Tive a oportunidade de acompanhar, pela RAIUNO, as cerimónias fúnebres. Na homilia, o Cardeal Bertone leu uma mensagem do Santo Padre, que destaco:

" Mulher de intrépida fé, mensageira dócil de esperança e de paz "


Bento XVI recorda Chiara Lubich numa carta enviada ao Cardeal Bertone para o funeral


Ao Senhor Cardeal
Tarcisio Bertone
Secretário de Estado


Tomo parte espiritualmente na solene liturgia com que a comunidade cristã acompanha Chiara Lubich na sua despedida desta Terra para entrar no seio do Pai Celeste. Renovo, com afecto, os sentimentos do meu vivo pesar aos responsáveis e a toda a Obra de Maria – Movimento dos Focolares, assim como aos que colaboraram com esta generosa testemunha de Cristo, que se consumou, sem reservas, pela difusão da mensagem evangélica em todos os âmbitos da sociedade contemporânea, sempre atenta aos “sinais dos tempos”.
Muitos são os motivos para dar graças ao Senhor pelo dom que concedeu à Igreja nesta mulher de intrépida fé, mensageira dócil de esperança e de paz, fundadora de uma vasta família espiritual que abraça variados campos da evangelização. Gostaria, sobretudo, de agradecer a Deus pelo serviço que Chiara prestou à Igreja. Um serviço silencioso e marcante, sempre em sintonia com o magistério da Igreja: “Os Papas – dizia – sempre nos compreenderam”. Isto porque Chiara e a Obra de [nome canónico para MdF] procuraram responder sempre com fidelidade dócil a cada apelo e desejo deles. O vínculo constante com os meus veneráveis Antecessores, desde o Servo de Deus Pio XII ao Beato João XXIII, aos Servos de Deus Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II é um concreto testemunho. Para ela, o pensamento do Papa era um guia seguro para se orientar. Aliás, observando as iniciativas que suscitou, poderíamos até mesmo afirmar que tinha quase a profética capacidade de intuir e de actuar antecipadamente esse pensamento. A sua herança passa agora para a sua família espiritual. Que a Virgem Maria, modelo constante de referência para Chiara, ajude cada focolarino [consagrado ao MdF] e cada focolarina a prosseguir pelo mesmo caminho, para que – como escreveu o amado João Paulo II na conclusão do Grande Jubileu do ano 2000 – a Igreja seja cada vez mais casa e escola de comunhão.
Que o Deus da esperança acolha a alma desta nossa irmã, conforte e alimente o empenho de todos aqueles que receberam o seu testamento espiritual. Para que isto aconteça, asseguro uma especial recordação na oração, e envio a todos os presentes no sagrado rito, a Bênção apostólica.
Do Vaticano, 18 de Março de 2008
Ass: Bento PP XVI
(Fonte: http://www.focolare.org/articolo.php?codart=5511 )
Concluindo: Palavra leva o vento. Pessoalmente, Chiara vai ficar como construtora de um projecto de unidade e fraternidade para o mundo.

Chiara Lubich concluiu a sua viagem terrena

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2008.03.23

Neste dia de Páscoa, não posso deixar de lembrar uma personalidade que nos deixou há poucos dias. Para mim é uma referência de vida.
Num clima sereno, de oração e de intensa comoção, Chiara Lubich, com 88 anos, concluiu a sua viagem terrena, na madrugada do passado dia 14 de Março de 2008, às 2 da manhã, na sua casa, em Rocca di Papa (Roma), para onde tinha regressado, durante a noite da véspera, por sua expressa vontade, após o internamento na Clínica Gemelli.
No dia anterior, centenas de pessoas – familiares, estreitos colaboradores e os seus filhos espirituais – passaram pelo seu quarto para lhe dar o último adeus, ficando depois em recolhimento na capela contígua, e finalmente rezando, no jardim da casa de Chiara. Uma ininterrupta e contínua procissão. A alguns, Chiara fez um aceno com a cabeça, apesar da extrema debilidade.
Continuam a chegar, de todas as partes do mundo, mensagens de participação e de plena comunhão por parte de alguns líderes religiosos, políticos, académicos e civis, e de muita gente do “seu” povo.
O Santo Padre, na mensagem que nos enviou, escreveu: “Tive conhecimento, com profunda comoção, da notícia da morte de Chiara, após uma longa e fecunda vida incansavelmente assinalada pelo seu amor a “Jesus Abandonado”. (…) Nesta hora de dolorosa separação”, o Santo Padre assegura a sua proximidade espiritual “com afecto”, “aos familiares e a toda a Obra de Maria - Movimento dos Focolares a que ela deu início, assim como a todos aqueles que apreciaram o seu empenho constante pela comunhão na Igreja, pelo diálogo ecuménico e pela fraternidade entre todos os povos”. O Papa agradece ao Senhor “pelo testemunho da sua existência completamente dedicada às necessidades do homem contemporâneo, na plena fidelidade à Igreja e ao Papa”. Bento XVI exprime o desejo que, “todos aqueles que a conheceram e encontraram, contemplando as maravilhas que Deus realizou através do seu ardor missionário, sigam os seus passos mantendo vivo o carisma”.
Entre as personalidades, uma testemunha dos últimos 30-40 dias da sua vida, na Clínica Gemelli: o Prof. Salvatore Valente, catedrático de pneumologia, que acompanhou Chiara directamente: “Neste período Chiara suportou, tolerou todos os sofrimentos com uma serenidade, uma participação construtiva realmente comovente. Muitas vezes o sofrimento é apenas um peso doloroso. Ela, pelo contrário, manteve um olhar sereno que me tocou profundamente. Até o momento da “passagem”.
O cardeal Stanislaw Rylko, presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, também esteve em Rocca di Papa: “Tive vários encontros com Chiara. O último foi por ocasião das festas natalícias. Mas cada encontro com ela foi, na minha vida, um acontecimento que deixou marcas profundas. Era uma pessoa que contagiava cada interlocutor com o seu entusiasmo pelas coisas de Deus”. O cardeal deixou uma mensagem aos seus filhos espirituais: «Levem em frente esta chama do carisma com grande coragem. É uma história, na Igreja, que não se encerra: se abre. Também o subsecretário do Pontifício Conselho, Guzmán Carriquiry, esteve presente.
O presidente da República italiana, Giorgio Napoletano, define Chiara “uma das personalidades mais representativas do diálogo inter-religioso e intercultural, uma voz rigorosa e límpida no debate contemporâneo. Soube fundar um Movimento que é um dos mais difundidos do mundo, capaz de deparar-se, com espírito aberto, com o mundo leigo, tendo por base a supremacia dos ideais humanos da solidariedade, da justiça, da paz entre povos e nações”.
(Fonte: http://www.focolare.org )
Concluindo: O último adeus a Chiara Lubich teve lugar na passada Terça-feira, dia 18 de Março, às 15.00 h (hora de Roma), na Basílica romana de S. Paulo Fora de Muros. A cerimónia foi presidida pelo cardeal Secretário de Estado, Tarcisio Bertone. Os restos mortais de Chiara foram sepultados na Capela do Centro Internacional do Movimento dos Focolares, em Rocca di Papa.