segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Terra Santa: um território partilhável? (II)

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.12.10

Neste segundo Domingo do advento, continuo a oferecer uma reflecção sobre a Paz. Há uma semana, dei a minha opinião sobre quem deve ocupar o território que divide os judeus e os árabes. Hoje vou tentar explicar porque falhou o Processo de Oslo, uma tentativa para restabelecer a Paz naquela zona do nosso mundo.
Porque é que o Processo de Oslo falhou? De certo, não falhou por se ter baseado em premissas erradas. Entendo que DOIS ESTADOS PARA DOIS POVOS É A ÚNICA OPORTUNIDADE PARA HAVER A PAZ NESTA REGIÃO. Então por que é o Processo de Oslo fracassou? Cada lado costuma culpar o outro. Vejamos alguns argumentos palestinianos: 1) Visita de Sharon ao Monte do Templo; 2) Ocupação de Israel na Cisjordânia e em Gaza; e 3) Bloqueios israelitas e punições colectivas. Por outro lado, os argumentos israelitas: 1) Recusa de Arafat às propostas de Barak em Camp David; 2) Atentados terroristas palestinianos; e 3) Incitamento dos Palestinianos à violência e ódio. Segundo este cenário, lanço-lhe um desafio: sinta-se incitado a julgar que actos considera mais imorais e injustos, ou quem tem razão. Cada lado faz uma contagem diferente de sangue e de culpas; costuma escolher diferentes factos para divulgar ou omitir factos; realça que quem perdeu a confiança e a crença no comprometimento do foi a outra facção, frustrando o sucesso do próprio Processo de Oslo.
Por tudo isto: o que é necessário daqui em diante? A primeira coisa a ser combatida é a INTOLERÂNCIA. Os palestinianos e os israelitas devem dizer NÃO aos seus próprios membros intolerantes e às suas formas violentas de manter o conflito aceso. Há que rejeitar as explicações simplistas, os slogans de propaganda que põem toda a culpa num só lado: "Islão = Terrorismo" ou "Sionismo = Racismo".
Dizer que se é pacifista não significa nada. Para ilustrar como se deve lutar pela Paz, transcrevo uma experiência que me parece sintomática e que reflecte o pragmatismo de diálogo ecomémico. Anna Granata, no seu diário de viagem, escreve: "Jerusalém, 4 de Abril de 2004, chegamos ao aeroporto de Tel Aviv durante a noite: somos um grupo de 30 jovens, da Itália, Alemanha, Bélgica, Coreia e Hong Kong. Passamos por um breve interrogatório, mas o suficiente para perceber que chegamos a um país que está em guerra. Depois viajamos de autocarro até Jerusalém. (...) Da janela do nosso quarto vêem-se mulheres árabes, que se dirigem ao "suq" (o mercado árabe), (...). Tinha a sensação que fosse um pouco perigoso, mas, chegando aqui, entende-se o quanto é importante estarmos dispostos a enfrentar o risco, para compartilhar o dia-a-dia das pessoas deste lugar (...). Foi inesquecível: uma multidão de cristãos que cantam e dançam. De todos os lados, crianças e famílias muçulmanas olham curiosos, sorriem e laçam arroz (...). Hoje vieram connosco também alguns jovens palestinianos. (...) Nesta terra não se pode ficar nem um instante sem pensar na religião do outro e na necessidade do diálogo. Depois tivemos um jantar árabe e o acolhimento da comunidade de Jerusalém, que nos amou de modo extremo. Duas jovens muçulmanas agradeceram-nos por termos vindo compartilhar a sua vida de cada dia"
(Fonte: http://www.moun.com ; http://www.mondounito.net ; Apontamentos Pessoais)
Concluindo: É possível contar uma grande mentira ao reunir pequenos fragmentos da verdade. A solução dos dois Estados precisa ser mantida e procurada inequivocamente. Condições como continuidade territorial, segurança, fronteiras reconhecidas e carácter nacional dos dois Estados são essenciais para o seu sucesso. O mundo Unido não é uma utopia. É realidade!

Sem comentários: