segunda-feira, 26 de março de 2007

Promover uma cultura pela defesa da Vida

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2007.03.25

Promover uma cultura da vida,
em todas as suas expressões, fases e condições.
É o compromisso dos membros dos Focolares,
particularmente de quem age profissionalmente
ou como voluntário nos diversos campos da saúde,
dos portadores de deficiências, da nutrição, do desporto, da ecologia…

Está viva neles a consciência
de que também a doença pode abrir novas dimensões à vida,
pode transforma-se num momento de união.
Por isso, esforçam-se para agir num espírito de fraternidade,
para realizar uma sociedade madura,

que valorize todas as formas de limite e de sofrimento
e que também garanta a cada pessoa
igualdade de acesso aos serviços sociais e de saúde
e a possibilidade de participar activamente,
segundo as próprias capacidades, na comunidade em que vive.

O respeito e o amor por cada Homem, que anima o compromisso pessoal, profissional ou voluntário dos membros do Movimento dos Focolares (MdF), suscitaram as mais variadas acções, iniciativas e obras, enraizadas em cada contexto social. Nos países industrializados, estas acções manifestam-se frequentemente como resposta às necessidades de cuidar, no sentido mais amplo do termo, da pessoa. Cuidado que, em geral, os serviços de saúde, mesmo se desenvolvidos, não conseguem realizar. No entanto, nos países emergentes, as diversas iniciativas são uma possibilidade de fornecer uma assistência real às faixas da população que vivem à margem do progresso, favorecendo o auto-desenvolvimento.

Em 1964 foi pedido ao MdF que interviesse para socorrer um povo da República dos Camarões, a tribo dos bangwas, em vias de extinção devido à doença do sono. A altíssima mortalidade infantil tinha atingido 90%. Alguns focolarinos (membros internos consagrados ao MdF) médicos, enfermeiros e técnicos em edificações partiram para Fontem. Passados mais de 30 anos, a mortalidade infantil está reduzida a 2%. Actualmente, no coração da floresta, existe uma harmoniosa cidadela com mais de 600 casas e um colégio com todas as fases do ensino preparatório e secundário. O Hospital tornou-se num centro especializado de doenças tropicais e distingue-se pela batalha contra a doença do sono, actualmente extinta. Agora abriu-se um sector para o tratamento da SIDA.

A partir de 1966, Chiara Lubich, fundadora do MdF, promoveu, entre os jovens, uma mobilização mundial de comunhão de bens, que contribuiu para o desenvolvimento de Fontem, que se tornou num distrito da República dos Camarões de língua inglesa, com cerca de 80 mil habitantes. As várias experiências de formação na área da saúde, conduzidas em diversos contextos do mundo, propõem não só a transmissão de conteúdos específicos, mas também conhecimentos que enaltecem a pessoa em sentido global, inserida no seu contexto sócio-cultural. São ministrados cursos de formação para voluntários e agentes sanitários, promovidos em Pisa (Itália), pela Associação Salus, para doentes com HIV/SIDA. O objectivo era fornecer competência integrada entre realidades geralmente divididas por incompreensões.

O aprofundamento de várias temáticas, no âmbito da Assistência Social e de Saúde, à luz da espiritualidade da Unidade, foi objecto de um estudo num simpósio interdisciplinar que aconteceu em Mestre (Veneza/Itália), em Junho de 2003. O simpósio realizou-se no âmbito da educação contínua em medicina exigida pelo Ministério da Saúde italiano para todas os profissionais saúde. Em Outubro de 2004, aconteceu um segundo simpósio sobre a comunicação na saúde. A parte prática era constituída pela apresentação de casos clínicos, sob forma de experiências de doentes.

Um posterior desenvolvimento em nível cultural foi marcado pelo nascimento da associação “Medicina Diálogo Comunhão” que quer contribuir na elaboração de uma antropologia médica que se inspira nos princípios contidos na espiritualidade da unidade que anima o MdF e nas experiências realizadas em vários países, neste campo.

(Fonte: http://www.focolare.org )

Concluindo: ser saudável não é uma acção individual. Depende muito da ajuda de todos nós. Sejamos mais solidários. Se cada um ajudar, todos seremos mais felizes.

domingo, 18 de março de 2007

Ética social, direito e justiça


ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2007.03.18

A exigência ética primordial no mundo de hoje

é a recomposição das relações humanas

em todos os âmbitos da vida social:

das relações familiares até as relações entre os Estados e os povos.

Buscar e realizar novos “modos” de relações,

que correspondam a novas formas éticas e jurídicas,

garantindo a justiça em todos os relacionamentos

para o bem dos indivíduos e da sociedade,

é o objectivo ideal almejado pelos

juristas, advogados, professores e estudantes,

empenhados no mundo do direito e da justiça.

Esta semana pretendo analisar um tema que a todos diz respeito: ética social, direito e justiça. Como alcançar este desiderato? Conquista-se pela vida e com acções de todos aqueles que estão no campo da ética social, do direito, da justiça e da administração pública. As experiências vitais, o confronto e o intercâmbio, entre todos, permitem identificar novos modos de actuação nos vários âmbitos e de realização das funções correspondentes na defesa das pessoas e da colectividade.

Por todo o mundo foram constituídos, para esta finalidade, “grupos” de agentes (Professores de Ética e de Direito, Magistrados e Advogados, funcionários do aparelho judicial e agentes penitenciários, etc.), que promovem encontros com a participação e o envolvimento, sem excluir ninguém, de todos aqueles que, actuando no mesmo âmbito, desejam comprometer-se para o bem do Homem e da Sociedade.

Como se alcançam este propósitos? Atingem-se mediante a realização de congressos, e principalmente por meio do empenho pessoal e colectivo em exercer as funções públicas com honestidade e transparência, em oposição ao fenómeno da corrupção, instaurando formas correctas de gestão pública:

  • educação à legalidade: actividades formativas e informativas nas escolas e na sociedade, valorizando a contribuição de experiências e de testemunhos dos agentes da justiça e da administração;
  • Ordem jurídica e administração da Justiça: por meio do empenho dos diversos agentes em vivificar, com o espírito do Movimento dos Focolares, a própria actividade em favor de uma eficaz administração da Justiça que responda à necessidade de defesa dos indivíduos e da colectividade: estudos, pesquisas e congressos para a renovação do direito e da justiça;
  • Prevenção e recuperação social: acções internas nos estabelecimentos prisionais para a reabilitação humana e social dos detidos e para melhorar o funcionamento do sistema prisional. Exemplos disso já ocorreram na Itália, na Nigéria, na República dos Camarões, na Espanha e em muitos outros países, em vários momentos de encontro entre agentes penitenciários, com a presença de voluntários e de psicólogos, de agentes de vigilância e de magistrados, de ex-detidos e de sacerdotes capelões, de directores de prisões e de advogados;
  • Protecção e promoção dos direitos humanos: participação e colaboração com os Organismos Internacionais (ONU e ONG’s) que têm este objectivo, para o estudo dos relativos problemas e para a promoção de iniciativas concretas.

A experiência desenvolvida neste sector levou à constituição do grupo internacional "Comunhão e Direito", cujo objectivo é o aprofundamento doutrinal e o diálogo com as instituições e o mundo académico na área da cultura jurídica.

(Fonte: http://www.focolare.org )

Concluindo: não é utopia querer um mundo mais justo. Se houver mais cooperação, é bem possível atingirem-se os objectivos pretendidos. Depende de mim, de si, de todos nós!

domingo, 11 de março de 2007

A Cultura da Partilha


ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2007.03.11


Enquanto a nível mundial compreende-se a fragilidade
e a não-sustentabilidade do actual sistema económico,
a sociedade civil revela um florescimento
de novas formas de economia social:
comércio justo, finanças éticas, consumo crítico.

Neste panorama situa-se um estilo económico inovador
que envolve indivíduos e grupos:
tempo, talentos, bens materiais que são colocados ao serviço.
A comunhão dos bens é o estilo de vida dos membros dos Focolares.

É uma comunhão espontânea que se expressa
de várias maneiras de acordo com as possibilidades e sensibilidades.
É destinada a ajudar as pessoas mais próximas,
bem como Países em condições difíceis devido
ao subdesenvolvimento e conflitos,
ou atingidos por calamidades naturais,
e também para sustentar iniciativas e obras sociais.

A partilha dos bens foi, desde o início, a expressão espontânea do amor recíproco vivido pela comunidade de Trento [início do Movimento dos Focolares (MdF), fundado por Chiara Lubich], formada por jovens, famílias, pessoas de todas as idades e condições sociais, que se formou durante a Segunda Guerra Mundial. É o resgate duma dimensão típica da primitiva comunidade cristã: “Eram um só coração e uma só alma e não havia necessitados entre eles”.

Esta cultura da partilha gerou e continua hoje a gerar uma intervenção extraordinária que os cristãos chamam de “providência”. É a experiência que as promessas do Evangelho: “Dai e ser-vos-á dado, pedi e obtereis”, se realizam pontualmente. É um estilo de vida que envolve pessoas de todas as idades e categorias, começando pelas crianças.

Amadurece, assim, uma nova consciência social, da partilha dos bens na comunidade social, contribuindo para sanar a crescente diferença entre ricos e pobres e permitindo, pela solidariedade recíproca, um justo acesso de indivíduos e povos aos recursos naturais e ao resultado do trabalho humano.

Trabalha-se com os outros, trabalha-se para os outros, uma nova visão social do trabalho. Este é o aspecto social do trabalho adoptado pelos membros do MdF. Com os outros: cuidando da estratégia da atenção para com todos os componentes do pequeno “mundo vital” do trabalho em que se encontram. O crescimento das relações enriquece a personalidade. Pelos outros. Para os destinatários do próprio trabalho. A pessoa que usará aquele carro, aquele fogão, aqueles sapatos; os anseios contidas no processo burocrático do plano de saúde ou da aposentadoria; a pressa do cliente no balcão; as silenciosas expectativas daquele aluno: é o mais verdadeiro e inestimável valor humano do trabalho.

Uma atenção especial também é dirigida à defesa dos direitos dos trabalhadores, por meio da participação nas organizações sindicais, numa óptica de confronto positivo e não conflituante com os proprietários e executivos, a fim de encontrar soluções equilibradas para as diversas exigências das partes sociais. Os membros do MdF têm uma atenção diligente e um compromisso com os problemas do desemprego, especialmente dos jovens.

Conscientes do valor ético e social do trabalho, os membros do Movimento estão profundamente comprometidos em desenvolver suas actividades com o máximo empenho pessoal e profissional e em construir relacionamentos de colaboração com colegas, clientes, fornecedores, instituições, etc., suscitando, onde é possível, “células de ambiente”, com o objectivo de identificar e propor soluções concretas, à luz da unidade, para os vários problemas que emergem no ambiente de trabalho.

“Hoje não basta dar o nosso supérfluo, é necessário que as empresas coloquem em comum, livremente, os seus lucros”. Diante do drama da miséria que circunda a metrópole brasileira de São Paulo, em 1991 Chiara Lubich lançou a “Economia de Comunhão” (EdC). Actualmente mais de 750 empresas e actividades produtivas, de vários sectores e de diferentes portes, estão inseridas na realização do projecto de uma economia aberta às necessidades dos mais pobres.

(Fonte: http://www.focolare.org ; www.edc-online.org )

Concluindo: Do projecto da EdC floresce uma nova corrente de pensamento económico em estudo por parte de economistas e sociólogos. Um Movimento económico está tomando forma com a elaboração de linhas inovadoras na área da economia e do trabalho.

segunda-feira, 5 de março de 2007

A reciprocidade do Amor




ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2007.03.04

A reciprocidade do amor
até o ponto de construir a unidade,
coração da espiritualidade dos Focolares,
revela-se como “paradigma de unidade”,
“código” para a transformação do âmbito social,
inserindo a dimensão da comunhão e da fraternidade
no mundo da economia e do trabalho, na política,
na justiça, na saúde, na cultura, na comunicação social, na arte.
Uma contribuição para a globalização da fraternidade
e da solidariedade, uma urgência nos dias de hoje.

Nas próximas semanas, darei a conhecer a espiritualidade da Unidade, defendida por Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares.
A partir dos anos 50, do passado séc. XX, delineou-se o Movimento Humanidade Nova, que deseja contribuir para a realização do testamento de Jesus: “Que todos sejam um”, o Seu projecto de unidade para família humana. Será a expressão do Movimento dos Focolares (MdF) voltada aos problemas sociais: os seus membros representam as diversas categorias sociais e profissões. Este compromisso envolveu também outras ramificações do Movimento dos Focolares: Famílias Novas, Jovens para o Mundo Unido [do qual eu faço parte], Movimento Juvenil pela Unidade, religiosas e religiosos de diferentes congregações que aderem ao Movimento.
A acção pessoal ou colectiva dos membros do MdF leva-os a revitalizar o tecido social, suscitando nos diferentes ambientes, onde dois ou mais vivem o ideal da unidade, células de ambiente, que agem segundo o princípio do amor recíproco. Enfrentam os problemas procurando soluções, a fim de melhorar as condições dos indivíduos e da colectividade. Criam espaços de fraternidade onde floresce uma nova cultura – a cultura da partilha – antídoto para a cultura dominante do ter, superando fragmentações, divisões e conflitos, para caminhar juntos rumo à unidade.
Nos lugares mais sofridos do mundo multiplicam-se obras e acções sociais e de solidariedade internacional: na Irlanda do Norte em repúblicas da antiga Jugoslávia, na África Central, no Líbano, nas favelas do Brasil e nos bairros de periferia nas Filipinas. Com o tempo, este espírito faz com que as acções sociais suscitem a reciprocidade, superando todas as formas de assistência passiva, para valorizar a contribuição activa de cada um na promoção espiritual e social dos indivíduos e da comunidade.
O desenvolvimento desse empenho social suscitou duas ONG’s: a New Humanity, que tem um Estatuto Especial, de âmbito consultivo, junto ao ECOSOC (Economic and Social Council) da ONU; e a AMU – Acção Mundo Unido, activa no campo da solidariedade internacional.
Num abrigo antiaéreo para proteger-se dos bombardeios, Chiara Lubich e suas primeiras companheiras abrem, ao acaso, o Evangelho na página do testamento de Jesus: “que todos sejam um”, intuem que algo universal iria nascer, que alcançaria os confins do mundo provocando um impacto em nível social e cultural. É a redescoberta do Evangelho na perspectiva da unidade, que impulsiona a traduzir o amor ao próximo em factos concretos, voltando-se de modo especial aos mais necessitados. Chiara e suas companheiras percorrem a cidade para conhecer os bairros mais pobres e visitá-los, com a intenção de realizar uma certa justiça social. A aspiração delas era resolver o problema social de Trento, Itália, quando, no início dos anos 40, a devastação dos bombardeamentos provocava ruínas, feridos, mortos, pobreza. A ajuda em dinheiro e géneros de primeira necessidade é acompanhada pela busca de trabalho para os desempregados, de moradia para quem a perdeu, até que se desencadeia espontaneamente uma comunhão de bens entre as pessoas da comunidade que se está formando. Tem início o circuito vital do “dar-receber-dar” quanto mais dão víveres, roupas, remédios, mais eles chegam, com uma abundância inesperada. Comprovam a verdade das palavras “dai e vos será dado: uma medida sacudida e transbordante”. Desde os primórdios surge a convicção de que no Evangelho vivido está contida a mais potente revolução social.
Os trágicos acontecimentos da Hungria, em 1956, com a repressão sangrenta dos ideais de liberdade de um povo, abalam a Europa. Chiara Lubich sente a urgência de levar Deus à sociedade, a fim de que os homens encontrem Nele a fonte da liberdade e da fraternidade. Através das páginas da revista do Movimento, Cidade Nova, lança um apelo: “São necessários autênticos discípulos de Jesus não apenas nos conventos, mas no mundo. Discípulos que o sigam voluntariamente.

(Fonte: http://www.focolare.org ; www.new-humanity.org ; www.azionemondounito.org )
Concluindo: o Amor recíproco, com pequenos gestos, manifesta-se infinitamente.