quarta-feira, 15 de novembro de 2006

5 d.A.

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2006.09.17

Cinco anos passados depois dos atentados de 11 de Setembro nos EUA, será que o mundo mudou? Ou será que "afinal de contas, a data que revolucionou verdadeiramente as coisas, foi o 31 de Dezembro de 1991? Nesse dia, ao decidir dissolver-se, a União Soviética pôs fim à Guerra Fria e fez dos Estados Unidos a única superpotência do planeta. Desde então, o mundo ficou desequilibrado. Os atentados de 11 de Setembro não são mais do que uma manifestação deste desequilíbrio"?
Nos últimos tempos, muito se tem escrito e falado sobre: "Jihad", "guerra de civilizações", "anarquia nas Relações Internacionais", "unilateralismo vs. multilateralismo da ordem mundial". Quem nunca ouviu: "O ataque ao WTC, coração da economia global, aconteceu em Nova Iorque porque o poder económico americano é muito espalhafatoso"; "A mentalidade americana é uma mentalidade de "Cow-boy". Quando são atacados reagem de uma maneira extrema. Se conseguires irritá-la, a América vai reagir como um vulgar "cow-boy". Depois, fará de ti um símbolo, o que satisfará o desejo ardente dos muçulmanos de terem a chefiá-los alguém capaz de desafiar o Ocidente"
O certo é que desde o 11 de Setembro, a Al-Qaeda já perpetrou 21 atentados contra o ocidente e os seus aliados. Destaco os de 11 de Março de 2004 em Madrid que tirou a vida a 191 pessoas e o de 7 de Julho de 2005 que vitimou 56 vidas no coração de Londres. Ainda, no passado dia 9 de Agosto, um atentado em Londres foi interceptado pelas autoridades britânicas. Será que este terrorismo vai continuar? E o qual tem sido a resposta dos países do Ocidente? A Guerra do Iraque (2003), o anúncio dos estados-párias foram enumerados pelo Presidente norte-americano, o intensificar dos conflitos israelo-palentianos e a guerra no Líbano (2006). No programa "Prós e Contras" da RTP1, um jurista islâmico referiu um facto que merece ser pensado: é bem possível ser-se ocidental como modo de vida e muçulmano como religião. Há que haver um equilíbrio ("Balance of Power") entre os diferentes agentes das Relações Internacionais.
Como politólogo, na área das Relações Internacionais, não posso deixar de ficar preocupado com o que se está a passar neste nosso mundo. Muito se tem falado em globalização, mas alguém sabe defini-la? É quase tão complexa como definir o conceito de cultura: sabemos o que versa, mas nunca sabemos o que é ao certo. Há vários tipos de globalização. A mais contestável é a globalização económica: os EUA têm o controlo da economia mundial, controla o FMI e é uma superpotência económica. Não estranha que o maior ataque tenha sido no seio da economia norte-americana.
Outro tipo de globalização é a política. O Estado-nação é um conceito em declínio: "especialistas em Relações Internacionais comparam a relação entre Estados a bolas de bilhar numa mesa. São duras e repelem-se umas às outras quando chocam entre si. Mas enquanto é fácil entrar em choque com outro Estado é difícil de entrar em choque com uma rede que é composta de uma cacofonia de vozes diferentes. A vantagem de uma rede – ou de um clube – é que não tem um núcleo duro como uma bola de bilhar; por isso, quando se tenta equilibrá-la, é-se frequentemente sugado num processo de comprometimento com os seus diferentes membros".
Um terceiros e último tipo de globalização é aquele que normalmente se conecta com este conceito: as redes de informação em massa, a aldeia global. Hoje em dia um facto histórico pode ser relatado ao segundo. Desde 1991, com a guerra no Koweit temos visto as guerras em directos através das televisões, das rádios e da internet.
Mas como tudo na vida, também há aspectos menos bons na globalização: imperialismo económico, hegemonia política e a ideologia revolucionária religiosa. E a nível da comunicação é preciso ter cuidado com as redes de noticiários oficiosos que circulam mais rapidamente do que os oficiais.
(Fontes: Corrier Internacional, n. 75 , ed. Portuguesa e LEONARD, Mark, Século XXI - A Europa em Mudança, 2005, Editorial Presença)
Concluindo: o futuro será melhor vivido se percebemos e rectificarmos os erros do passado para melhor vivermos no presente. Deixemos, às gerações futuras, o melhor de nós. Façamos a paz. Vivamos a fraternidade e unidade universais para darmos vida à liberdade e igualdade que tanto apregoamos.

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