quinta-feira, 3 de abril de 2008

Chiara Lubich concluiu a sua viagem terrena

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2008.03.23

Neste dia de Páscoa, não posso deixar de lembrar uma personalidade que nos deixou há poucos dias. Para mim é uma referência de vida.
Num clima sereno, de oração e de intensa comoção, Chiara Lubich, com 88 anos, concluiu a sua viagem terrena, na madrugada do passado dia 14 de Março de 2008, às 2 da manhã, na sua casa, em Rocca di Papa (Roma), para onde tinha regressado, durante a noite da véspera, por sua expressa vontade, após o internamento na Clínica Gemelli.
No dia anterior, centenas de pessoas – familiares, estreitos colaboradores e os seus filhos espirituais – passaram pelo seu quarto para lhe dar o último adeus, ficando depois em recolhimento na capela contígua, e finalmente rezando, no jardim da casa de Chiara. Uma ininterrupta e contínua procissão. A alguns, Chiara fez um aceno com a cabeça, apesar da extrema debilidade.
Continuam a chegar, de todas as partes do mundo, mensagens de participação e de plena comunhão por parte de alguns líderes religiosos, políticos, académicos e civis, e de muita gente do “seu” povo.
O Santo Padre, na mensagem que nos enviou, escreveu: “Tive conhecimento, com profunda comoção, da notícia da morte de Chiara, após uma longa e fecunda vida incansavelmente assinalada pelo seu amor a “Jesus Abandonado”. (…) Nesta hora de dolorosa separação”, o Santo Padre assegura a sua proximidade espiritual “com afecto”, “aos familiares e a toda a Obra de Maria - Movimento dos Focolares a que ela deu início, assim como a todos aqueles que apreciaram o seu empenho constante pela comunhão na Igreja, pelo diálogo ecuménico e pela fraternidade entre todos os povos”. O Papa agradece ao Senhor “pelo testemunho da sua existência completamente dedicada às necessidades do homem contemporâneo, na plena fidelidade à Igreja e ao Papa”. Bento XVI exprime o desejo que, “todos aqueles que a conheceram e encontraram, contemplando as maravilhas que Deus realizou através do seu ardor missionário, sigam os seus passos mantendo vivo o carisma”.
Entre as personalidades, uma testemunha dos últimos 30-40 dias da sua vida, na Clínica Gemelli: o Prof. Salvatore Valente, catedrático de pneumologia, que acompanhou Chiara directamente: “Neste período Chiara suportou, tolerou todos os sofrimentos com uma serenidade, uma participação construtiva realmente comovente. Muitas vezes o sofrimento é apenas um peso doloroso. Ela, pelo contrário, manteve um olhar sereno que me tocou profundamente. Até o momento da “passagem”.
O cardeal Stanislaw Rylko, presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, também esteve em Rocca di Papa: “Tive vários encontros com Chiara. O último foi por ocasião das festas natalícias. Mas cada encontro com ela foi, na minha vida, um acontecimento que deixou marcas profundas. Era uma pessoa que contagiava cada interlocutor com o seu entusiasmo pelas coisas de Deus”. O cardeal deixou uma mensagem aos seus filhos espirituais: «Levem em frente esta chama do carisma com grande coragem. É uma história, na Igreja, que não se encerra: se abre. Também o subsecretário do Pontifício Conselho, Guzmán Carriquiry, esteve presente.
O presidente da República italiana, Giorgio Napoletano, define Chiara “uma das personalidades mais representativas do diálogo inter-religioso e intercultural, uma voz rigorosa e límpida no debate contemporâneo. Soube fundar um Movimento que é um dos mais difundidos do mundo, capaz de deparar-se, com espírito aberto, com o mundo leigo, tendo por base a supremacia dos ideais humanos da solidariedade, da justiça, da paz entre povos e nações”.
(Fonte: http://www.focolare.org )
Concluindo: O último adeus a Chiara Lubich teve lugar na passada Terça-feira, dia 18 de Março, às 15.00 h (hora de Roma), na Basílica romana de S. Paulo Fora de Muros. A cerimónia foi presidida pelo cardeal Secretário de Estado, Tarcisio Bertone. Os restos mortais de Chiara foram sepultados na Capela do Centro Internacional do Movimento dos Focolares, em Rocca di Papa.

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