domingo, 11 de fevereiro de 2007

Unidade: uma Regra de Ouro entre Religiões


ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, HOJE, DIA 2007.02.11

Na profunda transformação deste nosso mundo, rumo a uma sociedade cada vez mais multicultural e multireligiosa, e com o surgimento de novos fenómenos de xenofobia e intolerância religiosa bem como o temido confronto de civilizações, o Movimento dos Focolares tem–se empenhado em promover o diálogo entre as religiões, com a finalidade do pluralismo religioso da humanidade sem divisões nem guerras, mas sim uma contribuição para que as famílias humanas se componham em fraternidade.

Nestas últimas décadas, este diálogo tem reforçado a convicção de que os seguidores de outras religiões esperam de nós, cristãos, um testemunho concreto de amor inspirado no Evangelho, a palavra de Deus. Não é por acaso, que em todas as religiões, há uma regra de ouro: “Não faça ao outro o que não gostarias que fosse feito a ti”. A concretização desta “regra de ouro” suscita um clima de amor mútuo, substrato deste diálogo. Mas, tal tarefa exige, “fazer-se um”, isto é, “viver o outro”. Não é um comportamento de pura benevolência, abertura e estima, mas sim uma prática que exige o “vazio” completo de nós mesmos, para nos tornarmos uma só coisa com o outro, para “colocarmo-nos na pele do outro” seja muçulmano, hindu ou budista. O efeito é duplo: ajuda-nos a inculturarmo-nos e, portanto, conhecermos a religião, a linguagem do outro, o que predispõe os outros à escuta. Dessa forma, podemos passar ao “anúncio respeitoso” no qual, por lealdade para com Deus, consigo próprio e também pela sinceridade com o próximo, dizemos aquilo que a nossa fé afirma a respeito dum determinado assunto sem impor nada ao outro. É assim que cresce entre nós o conhecimento recíproco.

Quais são os efeitos deste diálogo? Neste espírito de unidade, o efeito do diálogo não é o sincretismo, mas a redescoberta das próprias raízes religiosas, daquilo que nos une, uma experiência viva de fraternidade: reforça-se o compromisso comum em sermos artífices de Unidade e de Paz, especialmente onde a violência, a intolerância racial e religiosa tentam criar um abismo entre os componentes da sociedade. Desta forma, surgem significativas realizações humanitárias comuns. Põe-se em prática o que afirmou o Papa Bento XVI e diversos líderes religiosos: “Se juntos conseguirmos arrancar dos corações o sentimento de rancor, opormo-nos a qualquer forma de intolerância e toda e qualquer manifestação de violência, inibiremos a onda de fanatismo cruel que coloca em risco a vida de tantas pessoas, embaraçando o progresso da paz no mundo. É uma missão árdua, mas não impossível. Aquele que crê sabe que pode contar, não obstante a própria fragilidade, com a força espiritual da oração”.

(Fonte Bento XVI, Colónia, encontro com as comunidades muçulmanas, 20 de Agosto de 2005: http://www.focolare.org; Apontamentos Pessoais)

Concluindo: Devido à expansão universal do Movimento dos Focolares, existe hoje um diálogo aberto com todas as principais religiões do mundo, não apenas com seguidores isolados ou com líderes religiosos, mas com líderes e seguidores de vastos Movimentos: o Movimento leigo budista Rissho Kosei-kai, que conta com 6 milhões de aderentes; a American Society of Muslims (EUA), com mais de 2 milhões; a Swadhyaya Family (Índia), que abraça 8 milhões de aderentes, na sua maioria hindus. São mais de 30 mil os seguidores de outras religiões que, naquilo que lhes é possível, vivem a espiritualidade do Movimento e com ele comprometem-se, colaborando com os seus objectivos

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