terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Jornalismo de referência na nova era da Globalização


ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, HOJE, DIA 2007.02.04, no suplemento comemorativo do 137º aniversário deste quotidiano micaelense.


Como colaborador deste quotidiano desde 2003, sinto-me lisonjeado por ter sido convidado para escrever neste suplemento, que assinala a comemoração das 137 primaveras do Diário dos Açores, jornal que me acolhe no seu seio.
Com o avanço das sociedades modernas, os Órgãos de Comunicação Social (OCS) começam a ganhar cada vez maior relevo, nesta nova era da globalização. Na minha modesta óptica, os OCS representam o primeiro Poder (acima do económico, do político e do social). Todavia, há questões que tenho de colocar: O jornalismo é um campo de batalha de ideologias ou é uma forma de conhecimento da realidade envolvente? A busca do conhecimento da verdade, posta em prática no dia-a-dia, com os recursos ao alcance de quem a procura, de modo a captá-la e transmiti-la, segundo um protocolo de procedimentos, impede que as ideologias se intrometam no processo noticioso?
Numa situação em que bastasse ao público conhecer claramente a posição de cada jornal para escolher aquele que melhor representa a sua verdade, o objectivo dos jornais é a quotidiana busca de adeptos de uma determinada visão do mundo. Nos nossos dias, paira a ideia de que só existe jornalismo de tendências, uma imprensa de direita e uma imprensa de esquerda, uma tentando mais do que a outra impor as suas ideias.
A verdade é inalcançável? A isenção é uma utopia? Não existe objectividade total? Ao responder afirmativamente a estas questões, o jornalismo estaria condenado a ser um campo de batalha de ideologias e estaria a reboque e a serviço destas. Os jornais (impressos, radiofónicos, televisivos ou digitais) seriam feitos de acordo com os valores dos seus proprietários e dos jornalistas, que para eles trabalham, segundo as suas verdades e de acordo com os interesses do seu grupo. Se não há verdade, se só há um relato de esquerda ou de direita, como falar em factos? Viveríamos numa sociedade sem referências, num mundo de versões. É isso que acontece?
Diante de um conjunto de acontecimentos, os jornalistas devem ser treinados para discernir quais os acontecimentos que têm de dar mais relevância e depois narra-os e analisa-os de uma forma lógica e isenta. Tal implica acolher, na análise, os diversos pontos de vista, pois a pluralidade é regra geral do jornalismo, inclusive nas páginas de artigos, que devem espelhar as tendências da sociedade. Defendo, ainda, que a opinião pessoal, deve ser apenas expressa nos editoriais, ou seja, sem repercussão na matéria noticiosa.
Concluindo: Acredito no jornalismo como forma de conhecimento, de apreensão da realidade, segundo um método próprio que, se seguido correctamente, leva-nos ao relato e à análise dos factos com fidelidade, rigor e clareza. Parabéns, Diário dos Açores!

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