sábado, 24 de outubro de 2009

Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2009.Outubro.17
“Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a Mim não Me haveis de ter sempre.”
(S. Mateus 26:11)
O Ano Internacional para a Erradicação da Pobreza foi proclamado pela Assembleia Geral da ONU em 1996. Destinava-se a empreender o esforço dos países em programas comuns de debate e busca de soluções globais sobre este problema específico. A proclamação ocorreu na 86ª reunião plenária, a 21 de Dezembro de 1993. A Resolução 47/196, de 22 de Dezembro de 1992 instituíra o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, de entre outras datas oficiais da ONU.
A ONU, assim, reconhecia a pobreza como um problema complexo e multidimensional, com origens tanto no plano interno como de dimensão internacional. A sua erradicação, em todos os países, especialmente naqueles em vias de desenvolvimento, era uma das prioridades da década de 90, do séc. XX, para a promoção do desenvolvimento sustentável.
Não foi uma profecia de cariz fatalista, subscrita por Cristo, ao sublinhar aos Seus discípulos o cuidado que sempre lhes deveria merecer todos aqueles que, pelos tempos além, haviam de ser vítimas da pobreza, da fome, da nudez, da perseguição, da maldição dos homens, e sofredores de todas as carências. E hoje, mais do que em qualquer outro tempo da História, as realidades mostram-se tão dramáticas que as “estatísticas são de arrepiar.”
Razão pela qual o Papa Bento XVI escreveu que os pobres estão no primeiro lugar das atenções e das inquietações de todos. Celebram-se “dias mundiais da erradicação da pobreza”, e não faltam políticos e sociólogos, economistas e eclesiásticos e mestres de cátedra que falam do drama mais desumano que é hoje um panorama a nível mundial. Organizam-se e promovem-se até “Cimeiras do Milénio” em que chefes de Estado se comprometem e se propõem reduzir, ao menos para metade, a pobreza extrema. E formulam-se como se equacionam estatísticas, como outros tantos gritos de alarme realista e confrangente.
ü Mais de 2.800 milhões de pessoas tem menos do equivalente a um dólar por dia;
ü Mais de 1300 milhões de pessoas nem um dólar lhes cabe;
ü Só a África a Sul do Saará regista 46,3 % da pobreza mundial;
ü Mais de mil milhões de pessoas nem água potável têm;
ü Perto de um terço das crianças, com menos de cinco anos, são vítimas de subalimentação. Parece que nasceram, mas só para morrer.
No entanto, e para além de outras muitas estatísticas, está calculado que 80 mil milhões de dólares bastariam para garantir acesso a serviços sociais e, pelo menos, reduzir a pobreza em todas as facetas com que ela é sofrida, detectada e equacionada pelos grandes especialistas da sociologia, da economia e das finanças.
R. Follereau assinou, um dia, com mestria de “catedrático” em solidariedade, uma carta de denúncia e alarme à ONU, dando conta do quanto bem se poderia fazer só com cada um dos aparelhos de guerra em que se gastam milhões, mas só para fazer mal. Algumas cifras:
ü um bombardeiro daria para 75 hospitais com mil camas;
ü um novo tipo de bombardeiro daria para 50 mil tractores ou 15 mil ceifeiras.
ü com o preço de um porta-aviões alimentavam-se 400 mil homens durante um ano.
E outras armas, e outros custos que dariam para acudir e resolver outros milhares de problemas mundiais. E com outras verdades engenhosamente enunciadas equacionou o grande apóstolo dos leprosos o binómio da sua carta: “Bomba atómica ou caridade?” A vergonha é que é a carta de Follereau nunca teve resposta.
Da mesma forma e na mesma linha de pensamento, o papa Bento XVI assinou a sua primeira encíclica e tornou-a pública como uma mensagem premente e urgente a fundamentar teologicamente a sua mensagem pelos pobres. Chamou-lhe “Deus é Amor”. Mas o amor compromete. A verdade é que a verdadeira família de Cristo - o protótipo vivo e divino, como humaníssimo do amor – não era só Maria e José, mas também a multidão dos pobres, dos infelizes, e também dos que abandonavam tudo para o seguir; e de tal modo despreocupados de como sobreviver, que os Apóstolos tiveram, um dia, que chamar a atenção do Mestre: “Há três dias que não comem para Te seguir.” E respondeu-lhes Cristo: “Dai-lhes vós de comer.” E ficou pronunciada uma missão.
Concluindo: Não será essa nova linguagem e forma de equacionar tudo quanto seja uma atenção à pobreza? É que todos somos devedores de algo aos pobres.
(Fonte: http://www1.umn.edu/humanrts/resolutions/48/183GA1993.html )

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