domingo, 22 de julho de 2007

“Uma União mais forte para um mundo Melhor” (II)

ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, HOJE, DIA 2007.07.22

O Conselho Europeu atribuiu à Presidência portuguesa o mandato para abrir uma Conferência Intergovernamental (CIG). O objectivo é claro: elaborar um Tratado que altere os Tratados existentes no sentido de reforçar a eficiência e a legitimidade democráticas da União alargada, assim como a coerência da sua acção externa. A reforma da União deverá facilitar o cumprimento dos compromissos existentes no processo de alargamento, que devem ser respeitados. Os benefícios desta acção são evidentes, pelo seu contributo para a paz, a estabilidade e a prosperidade na Europa. A UE deverá desenvolver e consolidar estes ganhos.

Dizer “Europa” deve querer dizer “abertura”. Apesar de experiências e sinais contrários que também não faltaram, é a sua própria história que o exige. Na realidade, a Europa não é um território fechado ou isolado; construiu-se partindo, para além dos mares, ao encontro de outros povos, doutras culturas, doutras civilizações. Por isso, deve ser um continente aberto e acolhedor, continuando a realizar, na globalização actual, formas de cooperação não só económica, mas também social e cultural.

Para que o seu rosto seja verdadeiramente novo, o continente deve corresponder positivamente a esta exigência. A Europa não pode fechar-se sobre si mesma. Não pode, nem deve, desinteressar-se do resto do mundo. Pelo contrário, deve ter plena consciência do facto que outros países, outros continentes esperam dela iniciativas corajosas capazes de oferecer aos povos mais pobres os meios para o seu desenvolvimento e a sua organização social, e de edificar um mundo mais justo e fraterno.

Para realizar adequadamente esta missão, é necessária uma revisão da cooperação em termos de uma nova cultura de solidariedade. Concebida como semente de paz, a cooperação não pode reduzir-se só à ajuda e assistência. Mas deve traduzir-se num compromisso concreto e palpável de solidariedade, de modo que torne os pobres protagonistas do seu desenvolvimento e consinta ao maior número possível de indivíduos dar asas, nas circunstâncias económicas e políticas concretas onde vivem, à criatividade típica da pessoa humana, de que depende também a riqueza das nações.

Além disso, a Europa deve participar activamente na promoção e realização duma globalização na solidariedade. Esta supõe, como sua condição, uma espécie de globalização da solidariedade e valores anexos da equidade, justiça e liberdade, na firme convicção de que o mercado requer que seja oportunamente controlado pelas forças sociais e do Estado, de modo a garantir a satisfação das exigências fundamentais de toda a sociedade.

A Europa viu, sobretudo no último século, consolidarem-se ideologias totalitárias e nacionalismos exacerbados que, obscurecendo a esperança dos homens e dos povos do continente, alimentaram conflitos quer no seio das nações quer entre outras nações, o que levou à enorme tragédia das duas guerras mundiais. E mesmo os conflitos étnicos mais recentes, que de novo ensanguentaram o continente europeu, fizeram ver a todos como é frágil a paz, quanta necessidade tem do empenho efectivo de todos e como só pode ser garantida abrindo novas perspectivas de intercâmbio, perdão e reconciliação entre as pessoas, os povos e as nações.

(Fonte: http://www.ue2007.pt/; http://www.vatican.va )

Concluindo: Sendo assim, a Europa, com todos os seus habitantes, deve empenhar-se incansavelmente na construção da paz dentro das suas fronteiras e no mundo inteiro. A este respeito, importa recordar, por um lado, que as diferenças nacionais devem ser mantidas e cultivadas como fundamento da solidariedade europeia e, por outro, que a própria identidade nacional só se realiza na abertura aos outros povos e através da solidariedade com eles.

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