segunda-feira, 5 de março de 2007

A reciprocidade do Amor




ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2007.03.04

A reciprocidade do amor
até o ponto de construir a unidade,
coração da espiritualidade dos Focolares,
revela-se como “paradigma de unidade”,
“código” para a transformação do âmbito social,
inserindo a dimensão da comunhão e da fraternidade
no mundo da economia e do trabalho, na política,
na justiça, na saúde, na cultura, na comunicação social, na arte.
Uma contribuição para a globalização da fraternidade
e da solidariedade, uma urgência nos dias de hoje.

Nas próximas semanas, darei a conhecer a espiritualidade da Unidade, defendida por Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares.
A partir dos anos 50, do passado séc. XX, delineou-se o Movimento Humanidade Nova, que deseja contribuir para a realização do testamento de Jesus: “Que todos sejam um”, o Seu projecto de unidade para família humana. Será a expressão do Movimento dos Focolares (MdF) voltada aos problemas sociais: os seus membros representam as diversas categorias sociais e profissões. Este compromisso envolveu também outras ramificações do Movimento dos Focolares: Famílias Novas, Jovens para o Mundo Unido [do qual eu faço parte], Movimento Juvenil pela Unidade, religiosas e religiosos de diferentes congregações que aderem ao Movimento.
A acção pessoal ou colectiva dos membros do MdF leva-os a revitalizar o tecido social, suscitando nos diferentes ambientes, onde dois ou mais vivem o ideal da unidade, células de ambiente, que agem segundo o princípio do amor recíproco. Enfrentam os problemas procurando soluções, a fim de melhorar as condições dos indivíduos e da colectividade. Criam espaços de fraternidade onde floresce uma nova cultura – a cultura da partilha – antídoto para a cultura dominante do ter, superando fragmentações, divisões e conflitos, para caminhar juntos rumo à unidade.
Nos lugares mais sofridos do mundo multiplicam-se obras e acções sociais e de solidariedade internacional: na Irlanda do Norte em repúblicas da antiga Jugoslávia, na África Central, no Líbano, nas favelas do Brasil e nos bairros de periferia nas Filipinas. Com o tempo, este espírito faz com que as acções sociais suscitem a reciprocidade, superando todas as formas de assistência passiva, para valorizar a contribuição activa de cada um na promoção espiritual e social dos indivíduos e da comunidade.
O desenvolvimento desse empenho social suscitou duas ONG’s: a New Humanity, que tem um Estatuto Especial, de âmbito consultivo, junto ao ECOSOC (Economic and Social Council) da ONU; e a AMU – Acção Mundo Unido, activa no campo da solidariedade internacional.
Num abrigo antiaéreo para proteger-se dos bombardeios, Chiara Lubich e suas primeiras companheiras abrem, ao acaso, o Evangelho na página do testamento de Jesus: “que todos sejam um”, intuem que algo universal iria nascer, que alcançaria os confins do mundo provocando um impacto em nível social e cultural. É a redescoberta do Evangelho na perspectiva da unidade, que impulsiona a traduzir o amor ao próximo em factos concretos, voltando-se de modo especial aos mais necessitados. Chiara e suas companheiras percorrem a cidade para conhecer os bairros mais pobres e visitá-los, com a intenção de realizar uma certa justiça social. A aspiração delas era resolver o problema social de Trento, Itália, quando, no início dos anos 40, a devastação dos bombardeamentos provocava ruínas, feridos, mortos, pobreza. A ajuda em dinheiro e géneros de primeira necessidade é acompanhada pela busca de trabalho para os desempregados, de moradia para quem a perdeu, até que se desencadeia espontaneamente uma comunhão de bens entre as pessoas da comunidade que se está formando. Tem início o circuito vital do “dar-receber-dar” quanto mais dão víveres, roupas, remédios, mais eles chegam, com uma abundância inesperada. Comprovam a verdade das palavras “dai e vos será dado: uma medida sacudida e transbordante”. Desde os primórdios surge a convicção de que no Evangelho vivido está contida a mais potente revolução social.
Os trágicos acontecimentos da Hungria, em 1956, com a repressão sangrenta dos ideais de liberdade de um povo, abalam a Europa. Chiara Lubich sente a urgência de levar Deus à sociedade, a fim de que os homens encontrem Nele a fonte da liberdade e da fraternidade. Através das páginas da revista do Movimento, Cidade Nova, lança um apelo: “São necessários autênticos discípulos de Jesus não apenas nos conventos, mas no mundo. Discípulos que o sigam voluntariamente.

(Fonte: http://www.focolare.org ; www.new-humanity.org ; www.azionemondounito.org )
Concluindo: o Amor recíproco, com pequenos gestos, manifesta-se infinitamente.

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