domingo, 11 de março de 2007

A Cultura da Partilha


ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2007.03.11


Enquanto a nível mundial compreende-se a fragilidade
e a não-sustentabilidade do actual sistema económico,
a sociedade civil revela um florescimento
de novas formas de economia social:
comércio justo, finanças éticas, consumo crítico.

Neste panorama situa-se um estilo económico inovador
que envolve indivíduos e grupos:
tempo, talentos, bens materiais que são colocados ao serviço.
A comunhão dos bens é o estilo de vida dos membros dos Focolares.

É uma comunhão espontânea que se expressa
de várias maneiras de acordo com as possibilidades e sensibilidades.
É destinada a ajudar as pessoas mais próximas,
bem como Países em condições difíceis devido
ao subdesenvolvimento e conflitos,
ou atingidos por calamidades naturais,
e também para sustentar iniciativas e obras sociais.

A partilha dos bens foi, desde o início, a expressão espontânea do amor recíproco vivido pela comunidade de Trento [início do Movimento dos Focolares (MdF), fundado por Chiara Lubich], formada por jovens, famílias, pessoas de todas as idades e condições sociais, que se formou durante a Segunda Guerra Mundial. É o resgate duma dimensão típica da primitiva comunidade cristã: “Eram um só coração e uma só alma e não havia necessitados entre eles”.

Esta cultura da partilha gerou e continua hoje a gerar uma intervenção extraordinária que os cristãos chamam de “providência”. É a experiência que as promessas do Evangelho: “Dai e ser-vos-á dado, pedi e obtereis”, se realizam pontualmente. É um estilo de vida que envolve pessoas de todas as idades e categorias, começando pelas crianças.

Amadurece, assim, uma nova consciência social, da partilha dos bens na comunidade social, contribuindo para sanar a crescente diferença entre ricos e pobres e permitindo, pela solidariedade recíproca, um justo acesso de indivíduos e povos aos recursos naturais e ao resultado do trabalho humano.

Trabalha-se com os outros, trabalha-se para os outros, uma nova visão social do trabalho. Este é o aspecto social do trabalho adoptado pelos membros do MdF. Com os outros: cuidando da estratégia da atenção para com todos os componentes do pequeno “mundo vital” do trabalho em que se encontram. O crescimento das relações enriquece a personalidade. Pelos outros. Para os destinatários do próprio trabalho. A pessoa que usará aquele carro, aquele fogão, aqueles sapatos; os anseios contidas no processo burocrático do plano de saúde ou da aposentadoria; a pressa do cliente no balcão; as silenciosas expectativas daquele aluno: é o mais verdadeiro e inestimável valor humano do trabalho.

Uma atenção especial também é dirigida à defesa dos direitos dos trabalhadores, por meio da participação nas organizações sindicais, numa óptica de confronto positivo e não conflituante com os proprietários e executivos, a fim de encontrar soluções equilibradas para as diversas exigências das partes sociais. Os membros do MdF têm uma atenção diligente e um compromisso com os problemas do desemprego, especialmente dos jovens.

Conscientes do valor ético e social do trabalho, os membros do Movimento estão profundamente comprometidos em desenvolver suas actividades com o máximo empenho pessoal e profissional e em construir relacionamentos de colaboração com colegas, clientes, fornecedores, instituições, etc., suscitando, onde é possível, “células de ambiente”, com o objectivo de identificar e propor soluções concretas, à luz da unidade, para os vários problemas que emergem no ambiente de trabalho.

“Hoje não basta dar o nosso supérfluo, é necessário que as empresas coloquem em comum, livremente, os seus lucros”. Diante do drama da miséria que circunda a metrópole brasileira de São Paulo, em 1991 Chiara Lubich lançou a “Economia de Comunhão” (EdC). Actualmente mais de 750 empresas e actividades produtivas, de vários sectores e de diferentes portes, estão inseridas na realização do projecto de uma economia aberta às necessidades dos mais pobres.

(Fonte: http://www.focolare.org ; www.edc-online.org )

Concluindo: Do projecto da EdC floresce uma nova corrente de pensamento económico em estudo por parte de economistas e sociólogos. Um Movimento económico está tomando forma com a elaboração de linhas inovadoras na área da economia e do trabalho.

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