domingo, 14 de dezembro de 2008

Diocese em S. Miguel, JÁ!



ESTE ARTIGO DE OPINIÃO SAIU NO JORNAL QUOTIDIANO DE PONTA DELGADA, DIÁRIO DOS AÇORES, NO PASSADO DIA 2008.12.14


“Os Açores, como todas as ilhas e terras de além-mar, começaram por estar sujeitos à jurisdição da Ordem de Cristo, exercida pelo vigário nullius de Tomar. Ao ser criado o bispado do Funchal (1514), passaram para a jurisdição deste. A pedido de D. João III, Clemente VII criou (1533) o bispado de S. Miguel, mas faleceu antes de expedir a bula de erecção. No ano seguinte, Paulo III erigiu o bispado de S. Salvador, dando-lhe por Catedral a igreja do mesmo nome na cidade de Angra, ficando esta Sé sufragânea do arcebispo do Funchal até 1550, data em que passou para a metrópole de Lisboa. A jurisdição do bispo de Angra abrange todas as ilhas do Arquipélago. “


O excerto supracitado é bem claro que, em 1533, o Papa Clemente VII, a pedido de D. João III, criou o bispado em S. Miguel. Se dúvidas houvessem, esta nota histórica, patente da Agência Ecclésia, tira qualquer dúvida.
Sou, como todos sabem, da opinião que S. Miguel deve ter uma diocese própria. Alguns argumentos para reflexão: dispersão territorial das 9 ilhas; maior densidade populacional e número de crentes na Ilha do Arcanjo; centro económico, social e político dos Açores. Mas muitos ainda poderiam ser elencados.
Até D. António Braga, natural de Santa Maria, em 7 de Abril de 2004 defendia que “(…) é melhor Dioceses mais pequenas porque permitem ao Bispo outro tipo de acompanhamento (…) [D. António disse lamentar que S. Miguel] não tenha o apoio que merece (…)” .
Repare-se agora no argumento, do mesmo D. António, quando defende: “(…) A Igreja sempre conferiu Unidade a este arquipélago, não serei eu quem a vai dividir. Não seremos nós – Diocese dos Açores – a retomá-la. Nem sequer se conhece a posição de outras ilhas, que seria importante. (…)” (in Açoriano Oriental, 2008.12.03)
Interessante, não é? Passaram-se 4 anos e é a mesma pessoa com opiniões antagónicas sobre a mesma temática. Senhor Bispo, se não quer ser o Senhor a fazê-lo, equacione colocar o seu lugar à disposição e deixar um qualquer movimento de sacerdotes e leigos de S. Miguel a fazê-lo. Percebo que não queira misturar o seu honrado nome com esta iniciativa, para História vindoura. Considere, então, pelo menos, que outros o poderão fazer. Quanto ao auscultar as outras ilhas, acho muito bem. Comece pelo Corvo. E quando chegar a Santa Maria medite sobre a opinião dos seus “patrícios”.
(Fonte: http://www.ecclesia.pt/angra ; A Palavra, Folha Dominical de Santa Clara, Ano VI Número 414 de 2008.12.07)
Concluindo: sempre me ensinaram que Unidade só acontece na Diversidade. Porque quando há Unidade sem Diversidade depois acontece o que aconteceu a um sacerdote do seu rebanho, quando escreveu, em anonimato: “(…) São Miguel não tem culpa dos problemas financeiros da diocese e não pode pagar por eles (…)”.(in Açoriano Oriental, 2008.12.03)